Pilares para um presente e um futuro melhores

Organizações fortalecem seus compromissos com o meio ambiente, a sociedade e a governança em busca de resiliência e de um mundo sustentável

Em 2004, no relatório Quem se importa vence (ou Who cares wins, no original em inglês), construído e endossado por uma série de instituições vinculadas ao mercado financeiro a convite do Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU), seus signatários argumentaram que investimentos, para serem bem-sucedidos, dependem de uma economia vibrante. Essa, por sua vez, demanda uma sociedade civil saudável que, em última análise, necessita de um planeta sustentável. Na introdução do documento, ressaltaram, ainda, que em um mundo cada vez mais complexo e interligado, a importância de gerenciar ativamente riscos e oportunidades relacionados a tendências ambientais (o E, de Enviromental) e sociais (o S, de Social) emergentes, em combinação com expectativas crescentes do público por melhores prestação de contas e governança corporativa (o G, de Governance), apresentava um novo conjunto de desafios com consequências financeiras de longo alcance para corporações. Assim, foi criado o acrônimo ESG, em torno do qual organizações privadas e públicas, dos mais variados segmentos e portes, mobilizam-se para desenvolver estratégias e iniciativas que contribuam para a perenidade de instituições e negócios, e para a construção de um destino viável à humanidade e ao planeta.
Outro marco na trajetória do conceito, e que o alçou ao protagonismo, foi a divulgação, no nada distante janeiro de 2018, de uma carta direcionada a presidentes de empresas, assinada por Larry Fink, fundador e CEO da BlackRock. Nela, o executivo externou que a maior gestora de fundos do planeta adotaria uma série de iniciativas para posicionar a sustentabilidade no coração da sua estratégia de investimentos, o que incluia deixar de destinar recursos a ativos com altos riscos ambientais, sociais e econômicos. Posicionamentos semelhantes aos de Fink passaram a ser adotados por muitos outros investidores.
A consultora em Estratégias de Comunicação e Sustentabilidade, Svendla Chaves, explica que o ESG se tornou pauta prioritária para muitas companhias em razão do recrudescimento de questões socioambientais e dos seus desdobramentos econômicos, que começaram a ter mais visibilidade na última década, dos efeitos das mudanças climáticas no cotidiano até as dificuldades para erradicação da fome e da pobreza. “Os riscos ambientais ganharam protagonismo, e suas relações com os desafios sociais – como as migrações em massa e a elevação do custo de vida – têm obrigado governos e empresas a dar prioridade a esses temas. Assim, por um lado, há maior cobrança sobre o setor corporativo pelos impactos que este causa no meio ambiente e na sociedade. Por outro, as empresas têm sido obrigadas a considerar os riscos e as oportunidades que esses aspectos trazem para seus negócios”, detalha ela.
Svendla aponta, ainda, que o advento do ESG não suplanta o conceito de sustentabilidade, em pauta desde a década de 1970, ainda que com maior destaque a partir do ano 2000. “A diferença entre os dois termos é basicamente de perspectiva. Embora o conceito de sustentabilidade não possa ser perdido de vista, por ser bem mais amplo, a visão ESG ajuda a tangibilizar os riscos e oportunidades dessas questões no dia a dia dos negócios, ou seja, facilita e estimula o comprometimento do setor empresarial com esses aspectos”, explica Svendla.
Adriano Augusto França Pimenta, sócio e consultor da Creta Sustentabilidade e professor universitário, avalia que o ESG acabou por dar uma nova tônica à pauta da sustentabilidade ao trazer à superfície o tema da gestão de riscos e relacionar-se com o olhar dos investidores. Isso, no seu entender, fez com que o assunto chegasse de maneira mais contundente às mesas dos CEOs, por exemplo. “As empresas não olham apenas para as ameaças aos seus negócios, às suas marcas, mas também para as oportunidades que existem para trabalharem em relação a mudanças climáticas, diversidade, equidade e inclusão, ao aprimoramento da governança corporativa, etc., e agregarem valor a diferentes públicos”, detalha Adriano.
Livio Giosa, coordenador geral do Instituto ADVB de Responsabilidade Socioambiental e presidente do Conselho Nacional de Defesa Ambiental, corrobora a perspectiva dos consultores. Aliás, considera que as organizações têm no ESG um modelo metodológico. “Ele funciona como um escopo, indica caminhos, e isso sem dúvida é relevante para agregar valor, reconhecimento e robustez às empresas que adotam as boas práticas”, avalia. Livio ressalta o ESG como recurso valioso e passível de ser empregado por organizações de qualquer segmento ou porte, por governos e até mesmo pelos indivíduos. “Todos precisam perceber que podem adotar medidas positivas e que isso pode promover mais a coletivização de boas práticas”, analisa. Com relação ao poder público, por exemplo, reconhece como fantástico o potencial de legisladores e membros do executivo para impulsionar temas relacionados ao desenvolvimento sustentável. “Os impactos de uma nova lei, por exemplo, serão provavelmente muito mais amplos do que os de ações adotadas por empresas”, considera Livio, para quem as resoluções não precisam ser necessariamente complexas.

Urgência

Adriano destaca a urgência na adoção das boas práticas: “o futuro do ESG tem de ser agora”, sentencia. Afinal, segundo ele, se há 15 anos, ao tratarmos de mudanças climáticas, o tema ainda era um pouco etéreo, isso não se aplica mais em 2023, diante de evidências como as recorrentes ocorrências de cheias, secas, calores extremos, etc. “Se não olharmos para o ESG e o praticarmos de forma imediata, talvez não exista futuro. É preciso compreendermos que estamos vivendo uma emergência climática e problemas sérios em outras áreas, como a social”, finaliza Adriano.


PANORAMA

Avanços e desafios das organizações em ESG

Movimento em direção às boas práticas ganha força, mas existem obstáculos para sua adoção mais ampla e eficaz

À medida que a comunidade global amplia a sua compreensão sobre a urgência do tratamento sério e transformador nas questões ambientais, sociais e de governança (ESG), as organizações demonstram crescente interesse em comprometer-se com a adoção de boas práticas. O aumento da conscientização entre empresários e gestores sobre a importância do ESG é impulsionada, dentre outros fatores, pela cobrança de diferentes partes interessadas, incluindo investidores, consumidores e funcionários.
A geração Z (nascidos entre 1995 e 2003) e os millennials (nascidos entre 1983 e 1994), por exemplo, exigem mais ações climáticas por parte de seus empregadores, conforme mostrou o Millennial & Gen Z Survey 2023, levantamento feito pela Deloitte com 22 mil profissionais, dentre os quais 800 eram brasileiros. A pesquisa revelou que, embora a situação financeira suscite incertezas sobre a capacidade de pagar um preço maior por produtos sustentáveis, as preocupações com as alterações climáticas ainda têm grande impacto sobre a tomada de decisões desses consultados, seja na hora de comprar ou ao escolher carreira e local de trabalho. A maioria - 69% da geração Z e 73% dos millennials - tenta ativamente minimizar o seu impacto no ambiente, com repercussões diretas em suas escolhas de estilo de vida.


A agenda ESG também tem sido fator determinante para os investidores decidirem onde alocar recursos. Segundo o Global Reporting and Institutional Investor Survey, realizado pela multinacional de auditoria e consultoria Ernst & Young (EY), 99% deles usam divulgações ESG como parte fundamental de suas resoluções de investimento. Ainda, 78% acreditam que empresas devem priorizar inversões relacionadas ao ESG, mesmo que isso signifique redução de lucros a curto prazo. A pesquisa, divulgada ao final de 2022, consultou mais de 1.040 líderes financeiros e 320 investidores.

PAÍS

As empresas brasileiras estão atentas a essas exigências e alinhadas ao movimento global de busca por soluções que levem a um cenário mais sustentável, humano e responsável, porém muitas delas ainda precisam percorrer um longo caminho para estabelecer programas consistentes, monitorar metas e divulgar resultados verificáveis. O envolvimento das companhias nacionais com a Agenda ESG foi corroborado pela pesquisa Tendências de RH 2023, realizada pela Korn Ferry, em que 67% das 265 corporações consultadas no país afirmaram adotar práticas direcionadas a ele. Entretanto, 54% ainda não definiram objetivos específicos. As empresas que até o momento não adotaram a pauta dentre suas estratégias expressam disposição para fazê-lo em até 18 meses, conforme o estudo divulgado neste mês de novembro no Valor Econômico.


Já o levantamento Panorama 2024, realizado pela Câmara Americana de Comércio (Amcham Brasil) em parceria com a Humanizadas, indicou que metade dos 694 empresários brasileiros entrevistados (e que representam empresas com faturamento anual somado de aproximadamente R$ 755 bilhões), consideram o ESG um fator disruptivo nas corporações. Essa tendência já havia sido observada na edição anterior da pesquisa, quando 47% das organizações informaram ter incorporado práticas e 31% sinalizaram que planejavam aderir à agenda. Assim, o tema ESG/Sustentabilidade figurou como o segundo aspecto mais mencionado pelos representantes das companhias com potencial para impulsionar os negócios nos próximos anos, atrás apenas da Inteligência Artificial (IA).

DESAFIOS

Embora as pesquisas revelem que o movimento em direção às práticas ESG avance no meio corporativo brasileiro, há desafios importantes a serem enfrentados para ganhos de amplitude e eficácia. A falta de conhecimento (49%) e de profissionais capacitados (46%), bem como a pressão por resultados de curto prazo (48%) foram apontadas por executivos como barreiras para a efetivação de ações ambientais, sociais e de governança nas empresas, conforme executivos entrevistados para a pesquisa Líderes de Negócios do Brasil e ESG, realizada pela agência de big data e instituto de pesquisa Data-Makers. Outros obstáculos indicados por eles foram a falta de dados (38%), de métricaschave claras (os KPIs; 37%) e de benchmarks (32%). Apenas 16% dos 170 presidentes e diretores consultados afirmaram conhecer o tema ESG em profundidade e somente três em cada dez empresas planejam aumentar as verbas destinadas a pautas relacionadas a meio ambiente, sociedade e governança. Por outro lado, 92% consideram o tema importante ou muito importante.

Brasil tem a terceira maior rede do Pacto Global

Prova do compromisso das instituições com a Agenda ESG é sua ampla adesão ao Pacto Global, iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU) que desafia o mundo corporativo a alinhar suas operações e estratégias a dez princípios universais de direitos humanos, trabalho, meio ambiente e anticorrupção, além de tomar medidas para promover os objetivos sociais. Lançado em 2000 pelo então secretário-geral das Nações Unidas, KofiAnnan, a iniciativa abrange quase 22 mil instituições em mais de 160 países. O Brasil tem a terceira maior rede local do Pacto Global no mundo e a maior das Américas, com quase dois mil participantes entre empresas e organizações não-empresariais. A rede Brasil do Pacto Global divulgou em fevereiro a pesquisa Como está a sua Agenda ESG?, que revelou que 78,4% das empresas que participaram do levantamento incorporaram o ESG em suas estratégias. No entanto, menos de 60% alocaram recursos para ações ambientais, sociais e de governança, e apenas 39% fazem gestão dos resultados, ou seja, há uma discrepância entre a intenção e a execução efetiva das práticas ESG dentro das organizações. Mais de 70% dos 190 respondentes da pesquisa - feita em parceria com a consultoria de gestão empresarial Falconi e a plataforma de monitoramento digital Stilingue - fazem parte do Pacto Global da ONU no Brasil, ou seja, são instituições que já têm um engajamento inicial com o assunto.





ESTRATÉGIA

Pertinência aos negócios e aos públicos de interesse

Incorporação do ESG demanda conhecimento sobre os riscos e oportunidades nos diferentes setores e contextos

Os motivos para organizações dedicarem atenção e recursos (humanos, materiais e financeiros) à incorporação do ESG às suas estratégias e rotinas incluem, evidentemente, a contribuição que as boas práticas podem dar ao desenvolvimento sustentável, mas passam por contemplar exigências dos seus públicos de interesse. Camila Goldberg, sócia das áreas de Mercados Financeiro e de Capitais e Societário do BMA Advogados, destaca que as questões ambientais, sociais e de governança são entendidas como oportunidades de impulsionar o crescimento sustentável do negócio e de captar a atenção do mercado financeiro, em um cenário em que investidores, consumidores e funcionários exigem melhores práticas empresariais. Reguladores dos mercados financeiro e de capitais têm, inclusive, editado novas regras e apresentado propostas normativas para tornar as alocações de recursos em ações ESG mais transparentes e padronizados. “Atualmente, ter uma agenda ESG é fundamental para atrair a atenção de investidores e consumidores e posicionar as companhias de forma positiva nos seus respectivos mercados de atuação”, afirma.
A consultora em estratégias de Comunicação e Sustentabilidade, Svendla Chaves, ressalta a necessidade de envolvimento dos stakeholders nas posturas tomadas pelas organizações em relação ao ESG. “A busca por boas práticas deve se dar dentro das empresas e também nas suas cadeias de valor, uma vez que de nada adianta ter a casa organizada mas depender financeiramente de quem desrespeita o meio ambiente ou os direitos humanos – isso coloca em risco o negócio”, acrescenta. Por outro lado, segundo ela, as empresas são atores importantes na coletividade, com grande capacidade de influência social, e podem atuar como disseminadoras de conceitos que ainda estão restritos a alguns grupos. A expectativa, de acordo com a consultora, é a de que essas posturas contribuam para levar ao capitalismo de stakeholders, no qual as empresas passam a considerar em suas estratégias os interesses e as necessidades da sociedade e de todos os seus públicos – e não só os de seus investidores.
A forma como o ESG interferirá nas estratégias e práticas das empresas, conforme Svendla, depende de vários fatores, mas especialmente da característica do negócio – alguns têm envolvimento mais crítico com a pauta–, da maturidade do setor produtivo e do nível de comprometimento da gestão. Idealmente, ela argumenta, as questões sociais, ambientais e de governança devem estar na essência da estratégia de qualquer organização, tanto para garantir a saúde do negócio quanto evitar impactos negativos na sociedade e no meio ambiente de forma mais ampla. “Isso significa considerar, em cada atividade, produto ou serviço, quais são os riscos e oportunidades socioambientais relacionados, bem como buscar estabelecer as melhores práticas para que o negócio seja sustentável no médio e no longo prazos”, amplia Svendla.
O também consultor Adriano Augusto França Pimenta, sócio e consultor da Creta Sustentabilidade, salienta a necessidade de que as medidas ESG adotadas estejam conectadas aos negócios das instituições para, de fato, agregarem valor a elas e aos seus stakeholders. Por exemplo, um projeto de reflorestamento faz mais sentido se a organização realizou um inventário de emissões e sabe qual o seu impacto. Ela pode, assim, adotar a medida como uma das formas de neutralizar sua pegada. “Isso é importante para evitar que, em momentos de crise, como os de 2008, os investimentos em meio ambiente, sociedade ou governança sejam suspensos. Se eles de fato são pertinentes para os negócios, estão agregados aos resultados da empresa, não serão cortados. Porque só se corta o que não faz falta”, pondera Adriano.
Ele confirma, ainda, a importância da revisão periódica das matrizes de materialidade apuradas pelas organizações, ou seja, dos processos de consulta a públicos internos e externos para identificar os temas que representam, na perspectiva deles, os impactos mais significativos das instituições na economia, no meio ambiente e nas pessoas. Mas considera que as companhias deveriam pensar em estratégias e compromissos mais perenes. Uma mudança constante na agenda ESG de uma empresa pode denotar inclusive a falta de maturidade em relação ao tema. “Eu posso revisar a materialidade de tempos em tempos para ver se houve mudança também na percepção do mercado, dos stakeholders, o que de fato pode acontecer, pois os cenários são dinâmicos e, por exemplo, um escândalo pode despertar mais preocupações sobre um determinado assunto. Mas em termos de planejamento estratégico, daquilo que eu assumo como compromisso, creio ser importante uma visão de um pouco mais longo prazo, para também ter coerência nas ações”, complementa Adriano.

PERTINÊNCIA

Muitas empresas, ao analisarem em profundidade riscos e oportunidades associados às suas atuações, estabelecem agendas ESG e objetivos e metas relacionados a elas. No caso da Iguá Saneamento S.A., seus serviços estão intimamente ligados à manutenção e à preservação da vida. Por este motivo, o ESG é tão importante para a empresa, sendo um dos seus quatro pilares estratégicos. Faz parte do DNA da companhia desenvolver uma gestão sustentável e estar atenta às questões ambientais, sociais e de governança, permitindo potencializar os impactos positivos inerentes ao setor, como a melhoria na qualidade de vida e saúde da população por meio dos seus serviços.
Paula Castro, a Diretora Executiva de Sustentabilidade, Segurança, Saúde e Meio Ambiente da Bayer na América Latina, destaca que, para a empresa, por sua vez, o comprometimento com a agenda ESG é fundamental para que ela cumpra com a sua missão de alcançar “saúde para todos, fome para ninguém”. “Temos consciência do nosso papel de construir uma sociedade mais igualitária, economicamente justa e sustentável e entendemos que incluir temas de ESG no centro de nossa estratégia contribui para a inovação, para a utilização inteligente de recursos, para a fidelização de clientes e para o relacionamento com todos os nossos públicos. Não é questão de custo, como antes se falava, mas sim de geração de valor no longo prazo”, define ela. A estratégia ESG da Bayer foca em três pilares: Natureza e Impacto Positivo, Pessoas Saudáveis e Prósperas, e Negócios com Propósito, que abrangem desde a descarbonização e a preservação da biodiversidade até a segurança alimentar, a inclusão e a transparência na governança. “Nossas metas de ESG são alinhadas ao Acordo de Paris e aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU”, explica a executiva. Dentre os compromissos públicos que a companhia assumiu estão o de neutralizar as emissões de carbono até 2030 e priorizar a diversidade e a igualdade de gênero em todas as posições de liderança. “Além disso, temos outros objetivos globais, como apoiar 100 milhões de pequenos agricultores em países de baixo e médio rendimento, promovendo o acesso a mais inovações, conhecimentos e parcerias, e proporcionar acesso aos produtos para saúde diária a 100 milhões de pessoas em comunidades carentes”, exemplifica.
A Norte Energia, responsável pela área que necessita de mais projetos e iniciativas”, diz Silvia Cabral, superintendente de Sustentabilidade, ao destacar que a companhia atua na região Amazônica, que tem grande importância para o país tanto do ponto de vista ambiental como social. A Norte Energia, responsável pela construção e operação da Usina Hidrelétrica Belo Monte (PA), partindo de uma escuta ativa sobre as demandas dos stakeholders e seguindo a tendência mundial de boas práticas corporativas, passou a incorporar os critérios ESG de forma estruturada, e a fortalecer a cultura de integridade ambiental, social e de governança do mais alto órgão de governança até os colaboradores e demais grupos de relacionamento. O enfoque voluntário da empresa em projetos de sustentabilidade demonstra um compromisso em fazer investimentos que vão além das exigências legais, visando a um impacto positivo na região. “A agenda ESG é, inevitavelmente, de extrema importância para a Norte Energia, faz parte do nosso dia a dia. Queremos ser parte ativa do desenvolvimento de uma área que necessita de mais projetos e iniciativas”, diz Silvia Cabral, superintendente de Sustentabilidade, ao destacar que a companhia atua na região Amazônica, que tem grande importância para o país tanto do ponto de vista ambiental como social.
A Lwart Soluções Ambientais também desenvolveu e aprovou um Planejamento Estratégico ESG. Para isso, partiu de um diagnóstico de suas ações ambientais, sociais e de governança e da escuta ativa de clientes, comunidades, fornecedores, governos, associações setoriais, liderança interna e acionistas. A partir disso, definiu quatro diretrizes, divididas em quatro temas, que, por sua vez, foram desdobrados em 14 objetivos a serem perseguidos nos próximos anos. “A Lwart Valoriza as relações humanas empreendendo e conduzindo o negócio com integridade e solidez. Por meio da inovação, preserva e reutiliza recursos naturais, contribuindo com a sociedade e com o planeta”, garante Aylla Kipper, head de Relações Institucionais e Sustentabilidade. Ela destaca, ainda o fato de a empresa orientar muito sua atuação pelo conceito de economia circular – seu principal negócio é o rerrefino de óleos lubrificantes usados ou contaminados, que após tratamento retornam ao mercado.
A CPFL é outra empresa que, no ano passado, aprovou seus planos ESG até 2030 e assumiu 23 compromissos públicos, em quatro pilares estratégicos: Soluções renováveis e inteligentes; Operações sustentáveis; Valor compartilhado com a sociedade; Atuação segura e confiável. As metas são acompanhadas pelos órgãos de liderança, incluindo o Comitê de Sustentabilidade, a Diretoria Executiva, o Comitê de Estratégia, Crescimento, Inovação e ESG, e o Conselho de Administração, com atualizações e resultados divulgados anualmente. “Como grupo, nós possuímos uma sólida estrutura de governança alinhada às melhores práticas do mercado, envolvendo ética, sustentabilidade e visão de crescimento da empresa”, diz Gustavo Estrella, presidente do Grupo CPFLEnergia, que ressalta o fato de a organização ser signatária do Pacto Global da ONU há 19 anos.


TRANSPARÊNCIA

Empresas investem na apuração e divulgação de dados ESG

Relatórios de Sustentabilidade avançam como instrumentos para organizações prestarem contas a investidores e outros públicos de interesse

A crescente dedicação de organizações à prática de tornarem públicos dados que refletem seus desempenhos financeiro e nãofinanceiros decorre de uma também crescente pressão de seus stakeholders e da sociedade em geral para que elas assumam a responsabilidade por seus impactos socioambientais e em questões de compliance, segundo Marina Bueno, diretora da KMZ Conteúdo, empresa especializada na elaboração de Relatórios de Sustentabilidade (RSs). “Momentos de ruptura econômica, escândalos empresariais, uma economia cada vez mais globalizada, alterações nos hábitos de consumo e de compra, a preocupação crescente com as mudanças do clima e o maior acesso de pessoas físicas ao mercado de capitais, entre outros fatores, conformaram o contexto em que o valor de uma companhia também é medido de acordo com questões ambientais, sociais e de governança, ou seja, ESG. Na prática, uma empresa que não possui uma boa gestão de seu capital humano está mais exposta a passivos trabalhistas, por exemplo, o que está intimamente ligado ao seu valor reputacional, de mercado, etc. Por isso, é importante relatar com transparência compromissos e práticas ligados ao ESG”, explica a especialista.
Um levantamento feito pela consultoria KPMG, o ESG Yearbook Brasil 2023, revelou que, desde 2018 e até 2022, cresceu em 35% o número de empresas listadas na Bolsa de Valores (a B3) que divulgam Relatórios de Sustentabilidade. Sabe-se, também, que organizações de capital fechado e até mesmo entidades setoriais e sociais passaram a produzir esses documentos. Em alguns segmentos da economia a prática gradualmente tornase obrigatória. Por exemplo, em 2022 a Superintendência de Seguros Privados (Susep) lançou a circular 666, em que estabelece que as seguradoras mandatoriamente precisarão lançar, até o dia 30 de abril de cada exercício, seus Relatórios de Sustentabilidade, uma medida que passa a vigorar para todas as integrantes do setor ao final 2025.
Um aspecto que sobressai, também, é a preocupação com a validação externa dos dados apresentados nos Relatórios de Sustentabilidade. De acordo com a consultora em Estratégias em Comunicação e Sustentabilidade, Svendla Chaves, a última década trouxe, de fato, um grande avanço em transparência no setor empresarial, com o aumento da publicação de relatórios de sustentabilidade e o desenvolvimento de novos padrões de indicadores. “Como resultado de interesse dos investidores, os aspectos ESG têm sido cada vez mais vinculados aos reportes financeiros das empresas, o que aumenta a confiabilidade das informações. O caminho natural é a exigência social e legal de validação externa dos dados divulgados, e temos avançado nesse sentido nos relatórios produzidos no Brasil”, descreve.
A validação das informações presentes nos documentos por entidades externas às companhias relatoras é uma medida importante no sentido de atestar a precisão das informações e também evitar o chamado greenwashing, ou seja, o ato de divulgar supostas práticas sustentáveis que na realidade inexistem ou são menos “comprometidas” do que querem parecer ser. “Eu acredito que o ESG subiu a régua no que diz respeito às formas de coleta e apresentação dos dados”, diz Adriano Augusto França Pimenta, sócio e consultor na Creta Sustentabilidade. Isso pode ser atribuído, entre outras coisas, ao olhar mais atento de acionistas e outros públicos sobre os dados. Os consumidores, por exemplo, são cada vez mais seletivos em relação às companhias das quais contratam serviços ou adquirem produtos e, como fator de decisão utilizam o comprometimento delas com o desenvolvimento sustentável. “O combate do greenwashing já avançou mais na Europa, mas em qualquer país, como no Brasil, as próprias mídias sociais estão se tornando uma forma de acompanhamento por parte do público. As pessoas estão mais atentas, mas creio que há a tendência mundial de aparecimento de regulamentações mais severas para greenwashing”, aponta Adriano, que ressalta a necessidade de as companhias entenderem seus Relatórios de Sustentabilidade como ferramentas de gestão e não apenas de comunicação, como, segundo ele, vem ocorrendo em muitos casos. Para o consultor, várias empresas ainda têm dificuldade em admitir aquilo que precisam melhorar. “Como consultor, sempre oriento as companhias sobre a necessidade de tratarem também indicadores que estão ruins. Os executivos precisam entender que a transparência joga a favor das organizações, e não contra. Ninguém quer mais escândalos financeiros, desastres ecológicos, fornecedores com mão de obra ilegal. Ou seja, é preciso que as companhias toquem em suas próprias feridas para que saibam exatamente os temas em que ainda precisam se desenvolver e as oportunidades existentes”, explica Adriano.
“Um dos grandes desafios para aferir a efetividade das boas práticas ESG é a dificuldade de medir e relatar de forma padronizada os resultados dos esforços feitos. É importante que, por um lado, as empresas consigam estabelecer indicadores que façam sentido para o negócio, vinculados às questões mais críticas em sua atuação; e que, por outro, divulguem informações suficientemente padronizadas a fim de garantir a comparabilidade com outras”, reforça Svendla. Segundo ela, diferentes modelos buscam orientar esse acompanhamento de indicadores, mas ainda há muito a amadurecer nos monitoramentos realizados no cotidiano das organizações. A transparência na divulgação de informações ESG pelas empresas tem sido demandada especialmente pela União Europeia, e no Brasil a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) também se destaca nessa regulamentação.


MODELOS

Atualmente, existem vários frameworks e metodologias a que as organizações recorrem para conformarem seus Relatos de Sustentabilidade. Eles diferem entre si no que diz respeito a “o que” e “para quem” se deseja informar, segundo Marina, da KMZ Conteúdo. “Atualmente, eles são complementares e utilizados em relatórios que podem ser definidos como híbridos – caso de um Relato Integrado (mais voltado ao público investidor) e que utiliza a Norma da Global Reporting Initiative - GRI (multistakeholder), por exemplo. Há, contudo, uma busca por unificação de metodologias, para qualificar e simplificar os relatos”, afirma a especialista. No Brasil, de acordo com ela, o movimento mais recente nesse sentido foi a emissão, em junho de 2023, pelo ISSB (Conselho Internacional de Normas de Sustentabilidade, em português) das normas IFRS S1 e S2, que visam a agregar mais uniformidade e transparência aos relatórios. No caso da Iguá, companhia de saneamento que atua no gerenciamento e na operação de sistemas de abastecimento de água e esgotamento sanitário em seis estados brasileiros, a empresa optou, há quatro anos, pelo Relato Integrado como forma de simplificar seu reporte e permitir que seus públicos de interesse acessem um conteúdo unificado, com informações financeira e não-financeiras. Isso, no entender da empresa, facilita o acompanhamento da estratégia de sustentabilidade e demonstra o respeito que a guia no relacionamento com os stakeholders. Em seu relatório, a Iguá recorre aos frameworks da GRI e do Sustainability Accounting Standards Board (Sasb) por considerar que isso contribui para adicionar transparência ao documento, ao mesmo tempo em que traz os dados históricos e padronizados, facilitando a comparação com outros players ou setores. A empresa realiza, ainda, desde 2021, a asseguração por auditoria externa também dos seus dados não-financeiros.

AVALIAÇÃO

No final do mês de outubro, o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) anunciou a iniciativa Reporting Matters, que agregará um benefício exclusivo às suas associadas, desenvolvido em parceria com o Grupo Report. A novidade divulgada pela entidade, a que estão vinculadas empresas cujos faturamentos somam aproximadamente 50% do Produto Interno Bruto Brasileiro, pretende agregar eficácia aos Relatórios de Sustentabilidade das companhias (RSs), que passarão a ser avaliados para identificação de três pontos fortes e três áreas para aprimoramento. Adicionalmente, o público é beneficiado com uma publicação que destaca tendências dos RSs e exemplifica boas práticas. Para garantir a qualidade e integridade dos relatórios, foi instituído um Comitê Plural, que desempenha um papel crucial na revisão cruzada das análises, tarefa que envolve a seleção aleatória de pelo menos 10% dos RSs, o que equivale a oito de um total de 78 lançados este ano.


Pacto Global ironiza o ESG-Washing de empresas

A carta de crédito oferece a flexibilidade de adquirir diversos produtos na categoria contratada e até 10% do seu valor pode ser destinado a cobrir despesas relacionadas à aquisição do bem ou serviço, como para pagamento de seguros, tributos e taxas de registro em cartório ou transferência. O consorciado tem a opção, ainda, de adiar o uso do montante e de deixá-lo rendendo conforme as aplicações financeiras escolhidas pelos participantes na primeira assembleia geral. No entanto, até o encerramento do grupo ele precisa decidir como utilizará o valor pois, caso contrário, estará sujeito a pagar uma taxa adicional à administradora. Também existe a possibilidade de receber o valor do crédito em dinheiro, mas para isso, é necessário aguardar um período de seis meses após a contemplação e quitar o saldo devedor. Finalmente, é possível vender a cota contemplada, muitas vezes obtendo lucro com a negociação. Nesse cenário, o cadastro do novo consorciado deve passar pela análise da administradora, responsável pela transferência do contrato.










AMBIENTAL

Planeta sinaliza necessidade de ações imediatas

Combate a mudanças climáticas, redução de emissões e medidas preventivas e regenerativas são pautas latentes

O pilar E, de Environmental, que se refere às práticas para redução dos riscos e impactos ambientais e para preservação ou regeneração dos ecossistemas, tange temas urgentes como mudanças climáticas, emissões de carbono, recursos hídricos e gestão de resíduos. “Os eventos climáticos extremos pelo mundo trouxeram uma preocupação maior à sociedade e mais pressão sobre governos e organizações para que assumam programas em prol da sustentabilidade. Isso deverá ocorrer de forma cada vez mais enérgica porque não precisamos mais explicar a ninguém o que está acontecendo, os fatos são mais do que evidentes. Precisamos antecipar metas que estavam previstas para 2030, 2040, 2050, para o presente”, considera Livio Giosa, coordenador geral do Instituto ADVB de Responsabilidade Socioambiental e presidente do Conselho Nacional de Defesa Ambiental. Existem, portanto, riscos concretos, muito trabalho a ser feito, mas também oportunidades para a ação.
Um dos assuntos em evidência é o da necessidade de descarbonização das atividades produtivas. Na última semana, a ONU alertou, mais uma vez, ser indispensável acelerar medidas nesse sentido, pois o mundo segue longe da meta de reduzir em 43% o lançamento dos gases de efeito estufa na atmosfera até 2030, na comparação com 2019. De acordo com a entidade, os atuais compromissos climáticos assumidos pelos países resultarão em uma queda de apenas 2% até a data limite. Governos e empresas, por isso, mobilizamse cada vez mais para a aplicação de leis e instrumentos para medirem suas emissões e adotarem as soluções cabíveis para mitigá-las.
No caso da Ipiranga, por exemplo, a empresa mantém um programa de gestão de carbono há mais de uma década, que oferece iniciativas de compensação de emissões para os clientes. “Além disso, em 2012, foram incluídas a mensuração anual de nossas emissões de gases de efeito estufa (GEE) e iniciativas de redução com foco nas nossas operações. Para além dos investimentos para compensação de emissões dos clientes, nós nos tornamos carbono neutro desde 2014, compensando todas as nossas emissões diretas (escopo 1) e as relacionadas ao consumo de energia elétrica (escopo 2). Nossa maior parcela de emissões está na cadeia de valor (escopo 3), principalmente envolvendo prestadores de serviço de transporte dos produtos e consumidores finais de combustível. Por meio do Manual de Excelência em Transportes, buscamos influenciar nossos fornecedores sobre práticas mais sustentáveis, como uso de tecnologias e treinamentos em direção econômica”, relata Luciana Domagala, vice-presidente de Pessoas e Sustentabilidade da Ipiranga. Segundo ela, a empresa atua, ainda, no mercado de biocombustíveis e busca ampliar o desenvolvimento de produtos e serviços menos intensivos em carbono.
A Bayer, por sua vez, desenvolve, entre várias medidas em prol do meio ambiente, o PRO Carbono, uma iniciativa de sua divisão agrícola que impulsiona a preservação ambiental e a produtividade no campo, reconhecendo práticas sustentáveis de agricultores. “O projeto conta com cerca de 5 mil participantes, de 10 países, inscritos, sendo quase 2 mil só no Brasil. Nele, estamos mensurando a pegada de carbono na produção. Oferecemos, assim, pela primeira vez, uma safra piloto de soja em que ela foi apurada e livre de desmatamento, com transparência e rastreabilidade de informações a fim de validar esse produto inovador junto à cadeia produtiva”, explica Paula Castro, diretora executiva de Sustentabilidade, Segurança, Saúde e Meio Ambiente da Bayer na América Latina. O PRO Carbono é considerado o primeiro programa comercial de práticas agronômicas integradas de baixo carbono, e fornece ferramentas e conhecimentos necessários aos agricultores para que eles façam bons negócios e, ao mesmo tempo, contribuam para a preservação dos recursos naturais e a mitigação das mudanças climáticas em escala global.

TRANSPORTE

No que se refere ao uso de combustíveis ambientalmente menos danosos para contribuir com a descarbonização, a Maersk, empresa de logística integrada e líder global na indústria naval, apresentou o primeiro porta-contêineres movido à metanol verde do mundo. “Este navio é uma prova real de que quando nós, como indústria, nos unimos através de esforços e parcerias intencionais, surge um caminho tangível e otimista para um futuro sustentável”, afirmou o CEO da companhia, Vincent Clerc. Com motor biocombustível, o navio será destinado ao serviço de transporte de carga no Mar Báltico. Esta é a primeira entrega de um total de 25 embarcações encomendadas pela empresa com configuração de motor bicombustível. A Maersk pretende atingir zero emissões líquidas de gases de efeito estufa em 2040 em todos os seus negócios.

RESÍDUOS

A Lwart Soluções Ambientais, cuja atuação principal é a gestão adequada de resíduos (especialmente Óleo Lubrificante Usado e Contaminado, OLUC – leia mais abaixo), tem o compromisso ambiental desde sua fundação, há meio século. “Este ano recebemos o selo prata do GHG Protocol e estamos em processo de conclusão da análise de ciclo de vida (ACV) do nosso produto final, o óleo básico rerrefinado”, conta Aylla Kipper, head de Relações Institucionais e Sustentabilidade da organização. A empresa anunciou recentemente um investimento de R$ 1 bilhão em sua unidade no interior paulista, o que permitirá incrementar em 50% o rerrefino de OLUC. Segundo a executiva, isso representa uma importante contribuição para a transição energética, para conter as mudanças climáticas e para a preservação do meio ambiente. “Com a expansão, coletaremos maior volume de um resíduo perigoso para o meio ambiente, o óleo lubrificante usado e contaminado (OLUC), capaz de contaminar água, solo e ar se destinado incorretamente. Ao coletarmos e rerrefinarmos este resíduo pós-consumo, damos a ele nova vida, pois o devolvemos ao mercado como um óleo básico de alta performance, que substitui a extração de mais recursos fósseis como o petróleo, bem como a importação do produto, pois o país não é autossuficiente. Ao mesmo tempo colaboramos com a descarbonização da cadeia de lubrificantes”, detalha Ayla.


SAMPA

A Acciona, empresa de promoção e gestão de infraestruturas e energias renováveis, presente no Brasil desde 1996, atualmente conduz a construção da Linha 6 do metrô na maior metrópole brasileira. “Nossa empresa se destaca por desenvolver projetos sustentáveis. A equipe de meio ambiente avaliou diferentes focos a serem contemplados dentro desse propósito”, aponta o diretor da organização no Brasil, André de Angelo. Uma das medidas na obra é a revalorização do material excedente – solo e rocha – resultante das atividades de escavação de túneis e estações. Ele é enviado a áreas de recuperação ambiental, com uma destinação adequada e que supre a necessidade de um parceiro com o compromisso de regularização de sua área. “Somando-se a isso, parte da rocha é britada e reaproveitada para geração de agregados, que são reaplicados nos processos construtivos internos. Outra iniciativa é o aproveitamento e reuso da água, com a instalação de coletores de chuva em alguns canteiros”, descreve André. “Também investimos na descarbonização de nossas atividades. Toda a frota de veículos leves do projeto utiliza etanol, o que reduz as emissões de gases de origem não renovável. Outras tecnologias estão em estudo para atualização da matriz energética do projeto, como a utilização de painéis solares para iluminação e o consumo de HVO (óleo vegetal hidrotratado), mais conhecido como diesel verde, para abastecimento de equipamentos pesados”, diz o diretor da Acciona.
Quem também executa um projeto de grande porte na cidade de São Paulo é a CPFLSoluções. A empresa desenvolve, no momento, o “Allegra Pacaembu”, que consiste em um processo inovador de restauração e modernização do complexo onde está uma das principais arenas esportivas do país, o Estádio do Pacaembu. A iniciativa, em parceria com a concessionária Allegra Pacaembu, que assumiu a gestão daquele espaço por 35 anos, inclui a introdução de soluções integradas em energia, com investimento de aproximadamente de R$ 70 milhões. O projeto terá tecnologias aplicadas para redução do consumo, geração própria e equipamentos preventivos para os casos de interrupção do fornecimento e/ou picos de consumo. Ele prevê duas usinas fotovoltaicas e uma usina de mini cogeração a gás natural, capazes de gerar 1.670 MWh ao ano e evitar a emissão de 210 toneladas de CO2 a cada período, além de quatro geradores e dois bancos de baterias, sistema de monitoramento inteligente com alarmes remotos, painéis de visualização, ar-condicionado central de alta eficiência e dez carregadores para veículos elétricos.

AMAZÔNIA

Com presença na Amazônia, a Norte Energia, responsável pela construção e operação da Usina Hidrelétrica Belo Monte – estratégica para a segurança energética do país – , mantém muitas iniciativas de preservação e recuperação dos recursos naturais. Ciente de que “a região é foco no Brasil e no mundo, como ponto-chave para as questões de mudanças climáticas”, como define a superintendente Socioambiental e de Sustentabilidade da companhia, Silvia Cabral, a empresa tem como um dos principais pontos em sua agenda ESG o de auxiliar na proteção da Bacia do Xingu, onde está instalado seu principal ativo. “Temos esse compromisso, que contribui também com a proteção da floresta amazônica como um todo”, acrescenta Silvia, que aponta como uma das iniciativas mais relevantes da empresa a Floresta Viva, financiada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), em parceria com a própria Norte Energia, mas também com a Energisa e o Fundo Vale. No último mês de setembro, no âmbito do programa, foi lançado um edital que destinará R$ 26,7 milhões em recursos não reembolsáveis para projetos de restauração de áreas degradadas e fortalecimento de cadeias produtivas da bacia hidrográfica do Xingu, a ser executado pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio), organização da sociedade civil de interesse público (OSCIP). Serão apoiados até nove projetos, distribuídos em três regiões principais: Baixo Xingu; Médio Xingu e Alto Xingu, que perpassam os estados do Pará e Mato Grosso. “Trata-se de um grande exemplo de como parcerias do setor privado com um banco público são relevantes para a região”, afirma Silvia.

SANEAMENTO

A Iguá Saneamento, em linha com o seu compromisso com o meio ambiente e a saúde pública, realizou, entre outras ações, a reativação de uma estrutura que intercepta o esgoto despejado irregularmente nas galerias de águas pluviais para levá-lo até a Estação de Tratamento da Barra, na cidade do Rio de Janeiro. O equipamento evita o lançamento de mais de 17 milhões de litros de esgoto in natura a cada mês no Complexo Lagunar da Barra e Jacarepaguá, o equivalente a cerca de duas piscinas olímpicas por semana. Em outubro, deu início também às obras para instalação de outras estruturas como essa (Coletores de Tempo Seco) e, permanentemente, investe em ações que contribuem com o processo de revitalização das lagoas da região. Como iniciativa de curto prazo, a concessionária construiu, ainda, um viveiro com 40 mil mudas de mangue vermelho que começaram a ser plantadas na Lagoa do Camorim, e já realizou a retirada de mais de 170 toneladas de resíduos e o cercamento de 5,2 km das suas margens para evitar o retorno dos detritos. A empresa elabora, ainda, o inventário de emissões de gases de efeito estufa para entender seus hotspots e oportunidades de melhoria contínua. “Desenvolver e publicar inventários de Gases do Efeito Estufa é uma das formas de a Iguá, dentro de sua política de transparência, assumir sua parcela na busca por uma economia de baixo carbono. Conhecer nossas emissões em detalhes nos dá embasamento para compreender a participação da Iguá nas emissões setoriais e nacionais, e como a organização pode suportar o país para o cumprimento de suas NDCs (Contribuições Nacionalmente Definidas),” afirma Péricles Weber, COO da Iguá. A empresa publica os documentos há 3 anos no Registro Público de Emissões do Programa Brasileiro GHG Protocol, e recebeu o Selo Ouro em todas as edições. Dentre as medidas para reduzir as emissões, a Iguá busca incrementar a utilização de energia proveniente de fontes renováveis nos processos de distribuição de água e tratamento de esgoto de algumas operações do grupo.


SOCIAL

Compromisso com o bem dentro e fora das empresas

Iniciativas incluem da busca por mais diversidade entre colaboradores a projetos que proporcionam avanços socioeconômicos às comunidades

Quando se aborda o Pilar Social do ESG, é preciso considerar que ele se refere, ao mesmo tempo, a ações desenvolvidas pelas organizações dentro de suas operações e em relação aos seus profissionais, e àquelas que tangem aos públicos externos, dos fornecedores às comunidades com que interagem. Trata-se, portanto, de uma perspectiva abrangente e fundamental para que instituições consigam ocasionar impactos positivos e alcançar mais equidade e justiça.
Quando o foco no pilar social é direcionado para dentro das instituições, ele diz respeito às formas de gerir os colaboradores e proporcionar oportunidades de crescimento pessoal e profissional. Isso inclui, por exemplo, oferecer ambientes diversos e inclusivos e condições equânimes de tratamento, remuneração e labor, cumprir com obrigações e respeitar os direitos trabalhistas (e se possível ampliar benefícios), e garantir a saúde e segurança de todos.
Um assunto que está em evidência nas organizações é o da Diversidade e Inclusão, o que se traduz na decisão de várias delas em criarem projetos para ampliar e/ou fortalecer grupos minorizados dentro de seus quadros funcionais. “Sabemos que a pluralidade é importante, e isso faz total sentido em termos de negócios. Estudos como Diversity Matters, da McKinsey, demonstram que empresas mais diversificadas são capazes de conquistar profissionais de maior talento, de aumentarem sua orientação para o cliente e a satisfação dos seus funcionários, e de melhorarem a tomada de decisões, o que leva a um círculo virtuoso de retornos crescentes, propiciando inclusive vantagem competitiva”, argumenta Aylla Kipper, head de Relações Institucionais e Sustentabilidade da Lwart Soluções Ambientais.
A empresa realizou, em 2022, seu diagnóstico de diversidade para ser assertiva no endereçamento da pauta e realizar a Ações direcionadas aos colaboradores incluem a oferta de ambientes seguros, diversos e inclusivos, e condições equânimes de tratamento, remuneração e labor sensibilização da liderança. Atualmente a Lwart conta com indicadores para acompanhamento das ações que já estão sendo executadas e discute metas a serem alcançadas em curto e médio prazo. “A composição demográfica da força de trabalho e da população do país precisa ser representada nas companhias e trabalhar a pauta da diversidade, equidade e inclusão significa incluir na economia mundial um PIB equivalente ao dos Estados Unidos e da China, de acordo com o levantamento The Power of Parity (McKinsey, 2015). Isso é extremamente relevante em um mundo que não cresce na velocidade que a gente precisa e que perdeu a dinâmica do início dos anos 2000”, complementa a executiva.
Também a Ipiranga investe para ter mais diversidade em seus quadros. A vicepresidente de Pessoas e Sustentabilidade da empresa, Luciana Domagala, conta que cinco das 30 mulheres escolhidas para participar da primeira edição do programa Women Speed - entre janeiro e julho de 2021 - foram promovidas antes mesmo do fim dos encontros. A iniciativa tem como objetivo acelerar as carreiras de colaboradoras que apresentam potencial para se tornarem líderes. O sucesso rendeu uma nova edição em 2022, envolvendo todo o corpo diretivo e o CEO da Ipiranga. “Antes dela ser realizada, alcançamos o patamar de 33% das mulheres em cargos de liderança, um percentual duas vezes maior do que em 2019, quando o índice era de 17%. O impacto também se estende aos mentores, que passam a ter um novo olhar sobre o tema”, esmiuça Luciana. Ela relata que as mudanças chegaram à área Comercial da Ipiranga, ocupada, durante muitos anos, somente por homens. “Nas primeiras visitas que as colaboradoras fizeram, algumas ouviram piadas que desvalorizavam sua capacidade profissional. Hoje, além de termos uma mulher ocupando a diretoria comercial, a primeira a conquistar o cargo em nosso setor, a cada dia mais mulheres abrem espaços na companhia”, testemunha a executiva. Outros indicadores de diversidade avançaram sensivelmente na empresa. Em 2019, o número de pretos e pardos na organização, por exemplo, era de 18%, e em 2022 mais que dobrou, ao alcançar 38,5%. Em relação ao público LGBTQIA+, no ano passado os colaboradores que se enquadravam no grupo eram 7,8%, aumento de mais de 4 pontos percentuais em relação a 2020. Já as pessoas com deficiência, apenas 1% dos profissionais em 2019, passaram a ser 4%.

EXTERNO

O pilar S do ESG, em relação aos públicos externos às organizações, abrange dos fornecedores a clientes e consumidores, e chega às comunidades em que elas operam. A ideia, por meio do diálogo com esses públicos, é conhecer as suas necessidades, desafios e aspirações e, a partir disso, formular ações pertinentes a eles e suas realidades e ajudar todos a avançarem em direção ao desenvolvimento sustentável.
A Bayer investe em iniciativas perfeitamente alinhadas às suas áreas de negócios para contribuir com o acesso a recursos fundamentais à qualidade de vida. “Falar de sustentabilidade e questões sociais é garantir acesso da população a tratamentos, produtos e soluções que estimulam autocuidado, saúde e bem-estar. Pensando nisso, pela divisão farmacêutica, temos uma estratégia de preços equitativos e programas que permitem que cada vez mais pessoas acessem medicamentos inovadores em países de baixa e média rendas”, exemplifica Paula Castro, diretora executiva de Sustentabilidade, Segurança, Saúde e Meio Ambiente da empresa na América Latina. Ela destaca, ainda, um programa desenvolvido globalmente pela divisão de Consumer Health desde em 2021: o The Nutrient Gap. O propósito é ampliar o alcance a vitaminas e minerais essenciais para 50 milhões de pessoas em comunidades carentes até 2030.
A Iguá, por sua vez, investe para qualificar os serviços de água e esgoto oferecidos à população, com impactos importantes no bem-estar das comunidades. Atualmente, a empresa já possui 40% do volume de água medido por hidrômetros inteligentes (são mais de 20 mil hidrômetros com leitura remota conectados à rede de abastecimento de água) o que permite acompanhar o consumo diário e aumentar a transparência para o cidadão. Ainda, os investimentos em saneamento básico permitiram, por exemplo, um expressivo aumento da cobertura de coleta de esgoto em Cuiabá (MT), que chegou a 80% em 2022 e, ainda na mesma operação, a transformação de lodo de ETE em fertilizante agrícola, o que refletiu no aumento em até 150% da produção leiteira do município.


INDÍGENAS

Na CPFL, dentre as iniciativas de destaque há uma de dessalinização da água do mar que, para além dos benefícios sociais, traz também impactos ambientais positivos. A ação acontece no Rio Grande do Norte, abrange três comunidades indígenas (Amarelão, Serrote de São Bento e Santa Terezinha) na área rural do município de João Câmara, e garante o acesso ao recurso hídrico potável para cerca de 3 mil moradores por intermédio de um sistema inteligente de abastecimento e de um sistema de geração fotovoltaica com conexão à rede de energia. Esse público recebe 80 mil litros de água dessalinizada por dia, distribuída em chafarizes – um em cada comunidade – por meio de uma adutora com 5 quilômetros de extensão.
A opção pelo projeto no Rio Grande do Norte deu-se após uma análise feita pela CPFL sobre as condições de vulnerabilidade hídrica nas localidades em que a companhia opera. “O impacto dessa ação vai além das necessidades de hidratação e alimentação. Na verdade, representa uma transformação completa na vida dos habitantes, uma vez que o recurso serve para higienização, cuidados residenciais, plantio e muito mais”, avalia Gustavo Estrella, Presidente da CPFLEnergia. A organização também inaugurou a primeira escola de formação para comunidade indígena no Rio Grande do Norte, com o objetivo de capacitar a população de João Câmara para atuar como auxiliar de manutenção de energia eólica.
Outra empresa que tem povos originários entre seus públicos beneficiados por ações sociais é a Norte Energia. “Estamos em uma região onde há uma riqueza cultural muito grande, traduzida na presença de 11 etnias indígenas. Entendemos ser importante atuar junto a essas comunidades para além das ações previstas no nosso licenciamento, que já são bastante robustas. Ou seja, na nossa Agenda ESG esse é um público prioritário”, pondera Silvia Cabral, superintendente de Sustentabilidade da Norte Energia. Nesse contexto, a empresa lançou este ano, em parceria com a prefeitura de Altamira (PA), o projeto Permear, que consiste na capacitação de educadores dos 6º ao 9º anos do Ensino Fundamental por professores indígenas, de forma a aprofundar a temática étnico-racial e proporcionar a difusão de conhecimento sobre os povos originários. “Os docentes indígenas capacitam, durante aproximadamente seis meses, 48 profissionais não-indígenas vinculados à Secretaria de Educação Municipal. Então, é uma árvore de difusão de conhecimento sobre a cultura deles, sobre suas histórias, suas características, suas riquezas, etc. Ao final do treinamento, os professores atendidos estarão qualificados para passarem esse conhecimento aos alunos da rede pública”, argumenta Silvia, que acrescenta haver a projeção de que mais de 5 mil estudantes serão beneficiados. A iniciativa foi idealizada pelo consultor linguista Nelivaldo Santana, professor da Universidade Federal do Pará (UFPA) e doutorando da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e por Vanessa Caldeira, antropóloga da Norte Energia. Ambos também atuarão em sala de aula, na capacitação dos professores. O projeto, segundo Silvia, além de dar uma importante contribuição para o combate ao racismo auxilia os municípios a cumprirem a sua obrigação legal de incorporarem aos currículos das escolas os temas das culturas afro-brasileira e indígena.

LEGADO

A Acciona, por sua vez, quer deixar um legado social especialmente a pessoas de grupos vulneráveis que vivem ao redor dos seus canteiros relacionados à obra da Linha 6 – Laranja, do metrô em São Paulo. “De acordo com o estudo socioeconômico que realizamos, muitos convivem com a falta de emprego e de educação. Até o momento, 6,8 mil paulistanos foram impactados pelo desenvolvimento dos nossos programas, incluindo crianças, jovens e mulheres”, relata o diretor da Acciona no Brasil, André de Angelo. A expectativa é beneficiar, diretamente, mais de 15 mil pessoas até 2025.
Uma das ações conduzidas pela organização é a Acciona por Elas, que já capacitou 380 mulheres por meio de três diferentes projetos que compartilham o objetivo de incentivar o empreendedorismo e a autonomia femininos: no Alinhavando Destinos elas receberam formação em técnicas básicas de costura criativa; no Estação Beleza, as capacitações foram no ramo de estética; e, por fim, o Entre Linhas é uma ação de empoderamento via rodas de conversa sobre temas relacionados à igualdade de gênero. Ainda com relação ao público feminino, apenas no projeto da Linha 6-Laranja a Acciona tem mais de 500 mulheres trabalhando nas frentes de obra como pedreiras, auxiliares de movimentação de carga, motoristas de caminhão, ajudantes de laboratório, etc. “Elas são contratadas por meio do programa Mulheres na Construção, que se baseia em um pilar estratégico do Plano de Desenvolvimento Sustentável 2025 da companhia e contribui para a redução das diferenças de gênero ao introduzi-las no mercado de trabalho da construção civil de infraestruturas sustentáveis”, detalha André. Segundo ele, a obra da Acciona na capital é também a primeira desse tipo a contar com uma fábrica de aduelas com 70% de mão de obra feminina.
“No âmbito educacional, temos o Acciona nas Escolas, que permite trabalharmos debates sobre mobilidade urbana sustentável. Ele também é composto por três projetos: Entre Estações, Nos Trilhos da Saúde e Segurança, e Protagonismo Jovem. Até o momento atendemos mais de 6,4 mil crianças e jovens por intermédio deles”, acrescenta André. O Protagonismo Jovem, por exemplo, apoia a qualificação profissional dos jovens aprendizes contratados pela Acciona, especialmente aqueles em situação de vulnerabilidade, para que possam desenvolver habilidades e possibilidades de empregabilidade futura.


GOVERNANÇA

A decisão por agir corretamente

Boas práticas acrescentam integridade, transparência e sustentabilidade aos negócios de qualquer porte

Uma percepção de especialistas com a qual corroboro é a de que talvez fosse mais adequado a letra G ser a primeira no acrônimo ESG. Com uma boa governança eu consigo estabelecer mais facilmente políticas sobre o tema, definir uma boa estratégia e formas de medir impactos, etc.”, explica Adriano Augusto França Pimenta, sócio e consultor da Creta Sustentabilidade. Governança refere-se justamente a “um sistema formado por princípios, regras, estruturas e processos pelo qual as organizações são dirigidas e monitoradas, com vistas à geração de valor sustentável para a organização, para seus sócios e para a sociedade em geral”, conforme definição do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) em seu Código de Melhores Práticas, em que apresenta também princípios básicos, aplicáveis a qualquer tipo de organização, independentemente de porte, natureza jurídica ou estrutura de capital. São eles: integridade, transparência, equidade, responsabilização e sustentabilidade, sendo que este último passa por compreender que as organizações atuam em uma relação de interdependência com os ecossistemas social, econômico e ambiental.

ÉTICA E COMPLIANCE

O relacionamento transparente e correto das instituições com os seus públicos é um tema crucial e cada vez mais priorizado. Um levantamento, feito em parceria pela Deloitte com a Rede Brasil do Pacto Global, apurou dados sobre Integridade Corporativa no Brasil de 113 empresas que sinalizaram, entre outras coisas, que as motivações para a adequação das práticas de controles internos relacionam-se a uma visão de longo prazo, com foco em sustentabilidade do negócio, imagem e reputação. Outro aspecto apurado foi o de que 89% das consultadas acreditam que a atenção a compliance melhorou os seus resultados financeiros e que 69% querem estruturar um programa sobre o tema, medida já adotada por várias companhias brasileiras, como é o caso do Grupo CPFLEnergia. “O Programa de Integridade formaliza nosso compromisso em conduzir os negócios de forma ética, transparente, e pautada nos mais altos parâmetros de compliance. Ele está sujeito às Normas Anticorrupção e Antissuborno, dentre as quais destaca-se a Lei Anticorrupção e seu Decreto Regulamentador”, exemplifica Gustavo Estrella, presidente da organização, recentemente certificada pela ISO 37001:2017 sobre o escopo de gerenciamento e operação do sistema de gestão antissuborno referente aos processos da Holding CPFLEnergia relacionados com as operações de concessões públicas.
Na Norte Energia, o Programa de Integridade tem como objetivos prevenir, detectar e remediar situações de fraude e corrupção. Para isso, a companhia adota uma série de mecanismos e procedimentos: auditoria interna, manutenção de Comissão de Ética e Integridade Corporativa, canal de denúncias sigiloso e terceirizado, incentivo à comunicação de irregularidades, aplicação efetiva do código de conduta e ética e elaboração de matriz de risco de fraude.
A Ipiranga também mantém programa homônimo que, nas palavras de sua vicepresidente de Pessoas e Sustentabilidade, Luciana Domagala, é orientado às melhores práticas de combate à corrupção, prevenção de condutas anticompetitivas, mitigação de conflitos de interesses e manutenção de um ambiente livre de assédio e discriminação, com processos e controles que visam a fortalecer cada vez mais a cultura sobre os temas na companhia. “As iniciativas do Programa do Grupo Ultra são desdobradas na Ipiranga de forma multidisciplinar, envolvendo a disseminação de princípios e regras claras de conduta por meio da orientação nas diversas formas de treinamento e comunicação, além dos mecanismos de controle, monitoramento e resposta”, acrescenta a executiva.
Também a Acciona adota e promove ações para fortalecer a ética e o compliance. Segundo seu diretor no país, André de Angelo, a empresa tem compromissos com os temas estabelecidos em suas políticas, normas e código de conduta, e como signatária do Pacto Global das Nações Unidas, assumiu o desafio de adotar os 10 Princípios em que ele se baseia, além de comunicar a seus grupos de interesse - com total transparência e objetividade - os progressos realizados neste processo.


NUTRIÇÃO

Tudo o que você precisa saber sobre a dieta plant-based

Transição alimentar traz ganhos de massa muscular, vitalidade e outros benefícios

No documentário Dieta dos Gladiadores (Netflix), um lutador de UFC conversa com cientistas e grandes atletas para descobrir a dieta ideal para melhorar o desempenho e a saúde. O filme mostra, por exemplo, que a dieta plant-based associada aos esportes de hipertrofia rendeu excelentes resultados de massas musculares. Assim aconteceu com Scott Jerek, que relata ter vencido ultramaratonas utilizando tal estilo alimentar. Contudo, os resultados satisfatórios da alimentação à base de vegetais não se limitam apenas a esse grupo de pessoas ou em performance esportiva.
De acordo com a nutricionista integrativa Daniella Horn, qualquer pessoa pode se beneficiar da dieta, sem restrição. “Inclusive aquelas com histórico de anemias podem conseguir melhorar os seus marcadores de ferro. Isso porque não falamos apenas de valores de vitaminas e minerais na tabela, mas da dança harmônica que eles trazem juntos de benefícios para o corpo, melhorando a absorção de nutrientes que precisamos e eliminando toxinas e dejetos indesejados com mais facilidade”, diz. Nesse sentido, a alimentação plant-based promove um intestino ativo e em movimento, sinônimo de vitalidade e alegria.
Ainda segundo a especialista, a alimentação plant-based ou whole plant-based diet, sua nomenclatura mais correta, corresponde a um modelo alimentar que incentiva o consumo de alimentos vegetais na forma mais integral e natural possível, além de ser isenta de qualquer produto de origem animal. Nesse modelo de alimentação, há variedades e cores de frutas, vegetais, grãos integrais, feijões, óleos, oleaginosas. “Tem também o uso da soja ou tofu que vem se destacando nos últimos anos como um alimento muito positivo e considerado até milagroso para saúde humana”, complementa Daniella Horn.

MÚLTIPLOS BENEFÍCIOS

Para a nutricionista, a lista de benefícios é bem extensa: vai desde o auxílio no emagrecimento, passando pela longevidade, marcadores hepáticos em exames de sangue, além de melhora no colesterol, triglicérides, diabetes e em várias doenças crônicas demonstradas em estudos. “É a linha de alimentação que mais fornece antioxidantes, ou seja, substâncias que protegem as células da oxidação. Esses antioxidantes estão presentes 100% nos alimentos de origem vegetal e, por sua vez, são combatentes de processos inflamatórios e do envelhecimento celular”, complementa.

TRANSIÇÃO ALIMENTAR

Ao escolher investir na dieta à base de plantas, é importante consultar profissionais bem preparados, familializados com o assunto e atualizados sobre a oferta de produtos no mercado. “Um profissional nutricionista é fundamental para quem está iniciando nessa transição, pois vai ajudar a montar um cardápio com as quantidades de nutrientes e combinações importantes para uma boa absorção, além de fornecer receitas e ideias criativas para o preparo de tudo”, diz Horn.
Na hora de iniciar a transição, a dica é dar tempo para o seu corpo se adaptar, excluindo a carne animal alguns dias da semana e aumentando o consumo de alimentos vegatais. “Não precisa se tornar plant-based da noite para o dia. Pode começar incluindo mais refeições desse estilo no seu dia a dia, dentro do que funciona para cada um. O importante é nos conscientizarmos que esse estilo alimentar é o mais indicado atualmente, tanto nutricionalmente quanto ecologicamente”, afirma. Por outro lado, há um modelo alimentar chamado Blue Zones, em que a ingestão de alimentos animais ainda existe, mas na minoria das vezes. Foi estudado pelo cientista Dan Buetner, que percorreu áreas globais marcadas pela longevidade, com pessoas mais saudáveis, mentalmente ativas e baixos índices de doenças. Cidades como Okinawa (Japão), Sardenha (Itália), Ilha de Ikaria (Grécia) e Loma Linda (EUA) estão nessa rota. Nelas, as populações locais pautam sua alimentação na dieta plant-based, entre 90% a 100%. Entre os cinco pilares das dietas desses povos estão: os grãos naturais, as verduras, os feijões, os tubérculos (como a batata doce) e as castanhas.






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