Mercado passa por correção, mas segue atraindo a atenção dos brasileiros

A forte digitalização trazida pela pandemia de Covid-19 acelerou a busca por um tipo de investimento cada vez mais procurado no mundo: as criptomoedas. Mas, apesar de ter entrado no vocabulário de mais pessoas, o assunto nem sempre é bem compreendido, gerando dúvidas e incertezas no público. Nome genérico para moedas digitais, a criptomoeda recebe essa denominação por usar recurso de criptografia ao processar as transações monetárias.
Como qualquer mercado, também tem suas regras e especificidades. Diferentemente da moeda fiduciária (real, dólar, euro, libra, rublo, yuan, por exemplo), que se pode pegar na mão, guardar na carteira ou em cofre, a criptomoeda existe apenas na internet. Outra diferença é que não há Banco Central ou governo para regular a emissão e a circulação da moeda digital.
Além de serem descentralizadas, essas moedas “têm entidades que mantêm o código-fonte, mas não controlam essas moedas que operam por si só”, ressalta o diretor da Associação Brasileira de Criptoeconomia (ABCripto), Bernardo Srur.
No ano passado, segundo dados consolidados do Banco Central, esse mercado movimentou cerca de R$ 300 bilhões no Brasil, por meio das exchanges de criptomoedas (plataformas digitais onde é possível comprar, vender, trocar e guardar criptomoedas, muito parecidas com corretoras de valores).


O que é o blockchain?

A moeda é criada digitalmente em uma rede protegida por diversas camadas de códigos, o blockchain (corrente de blocos). Como diz Srur, essa tecnologia pode ser comparada a “uma grande estrada ferroviária que conecta vários pontos no planeta: cada pessoa seria uma estação e os bitcoins (primeiras moedas digitais criadas no mundo), os vagões que trafegam de um ponto ao outro ao redor do mundo. Então, quando você transfere uma cripto para alguém, o vagão sai da sua casa e estaciona na garagem da outra pessoa. Essas garagens são as carteiras dos clientes (semelhantes aos bancos convencionais)”. O detentor de uma criptomoeda pode resgatá-la, com o código (chave de acesso) fornecido por quem vendeu, e converter o valor numa “Fiat” (moeda ou investimento tradicional) ou efetuar pagamentos, comprar serviços e transferir valor (sem intermediário) para outra pessoa. Srur acrescenta que as criptos operam na forma de investimento, reserva de valores, representação de ativos, registro de imóveis, registro de ativos, entre outras possibilidades.

Os tipos de moedas

Estima-se que existam 20 mil criptos diferentes; entre elas, as stablecoins (moedas estáveis), de memes (meme coins), de pets (dogecoin, por exemplo) e até de times de futebol (fan token). As stablecoins são lastreadas em ouro ou em moedas Fiat (dinheiro soberano) e “normalmente acompanham a cotação desses ativos. Por exemplo, a USDC é lastreada em dólar”, informa o diretor da ABCripto. Já os tokens “são representação de ativos (contratos de energéticos, precatórios, recebíveis), semelhantes à renda fixa”. Para adquirir a maioria das criptos, vale a regra de oferta e procura: “Quem dá o valor é o mercado e varia conforme a demanda e oferta, assim como qualquer outro ativo do mercado. Por isso, tem volatilidade alta”, ressalta Srur. Para saber a posição e o preço do momento das moedas digitais, basta checar na plataforma CoinMarketCap. Mas as duas mais negociadas ainda são o Bitcoin (BTC) e a Ether (ETH), da rede Ethereum. Na lista das mais valiosas, estão ainda Binance Coin, Cardano, Tether, Solana, XRP, Polkadot, Dogecoin e USD Coin.


Brasil em foco

Ainda que essas moedas digitais estejam em um contexto global mais desafiador, com alta de juros e infl ação, e baixas acentuadas nas últimas semanas, empresas do setor acreditam que a desaceleração faz parte dos ciclos: são correções como qualquer outro mercado vive. E mais: planejam novos passos para ampliar os negócios no país.
A Binance, maior provedora global de infraestrutura para ecossistema blockchain e criptomoedas, tem a própria moeda virtual (a BNB) e 90 milhões de clientes. Segundo a empresa, o Brasil tem posição de destaque em sua estratégia. E, por isso, segue em contato direto e constante com as autoridades locais para contribuir para a expansão do segmento, além do anúncio, em março deste ano, do processo de aquisição da Sim;paul, corretora brasileira autorizada pelo Banco Central e pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Fora isso, é líder no mundo no processo de obtenção de licenças locais específicas para cripto, com permissões obtidas na Itália, na França, em Dubai, Bahrein e Abu Dhabi.
De olho nessa expansão, Changpeng Zhao, CEO da Binance, anunciou, durante sua visita ao Brasil, em março deste ano, que a empresa abrirá em breve escritórios em São Paulo e no Rio de Janeiro. Já a brasileira BitPreço, que surgiu em 2018 com a proposta de oferecer uma forma diferente de comprar Bitcoins, informa que cresceu rapidamente, tendo negociado mais de R$ 18 bilhões em 2021. “Atualmente, somos a plataforma brasileira com o maior volume mensal de negociações de Bitcoins e Ethereum”, diz André Hamada, COO do marketplace. E, para os próximos anos, a empresa quer triplicar seu tamanho no Brasil, com novos produtos como, por exemplo, um banco digital especializado em criptomoedas.
No entanto, o CEO Ney Pimenta diz que, apesar de crescente e de o país estar entre os cinco maiores mercados de cripto no mundo, “usuários dessas moedas ainda representam uma parcela pequena da população por aqui”, enfatizando o enorme potencial que ainda pode ser explorado.


Legislação: mais segurança e proteção dos usuários

Para criar um ambiente de maior segurança para quem já investe ou quer entrar nesse espaço, especialistas dizem que a regulamentação desse mercado é essencial. O Projeto de Lei nº 4.401/21, que cria um marco regulatório para as moedas digitais, já passou pela Câmara dos Deputados, foi ao Senado Federal e deve voltar para ser votado pelos deputados federais (até o fechamento deste caderno, não havia entrado em Plenário). Para as empresas do ecossistema, com a aprovação do PL, o Brasil pode dar novos passos na vanguarda do criptomercado no mundo.
Em relação à insegurança jurídica das criptos, Srur cita o Projeto de Lei nº 3.825/2019, de regulamentação das operações em criptomoedas, em tramitação na Câmara dos Deputados, e frisa que ABCripto continua a fazer parte do debate. “Dadas as características positivas, o projeto traz a segurança necessária para o desenvolvimento do setor. Haverá obrigatoriedade de reportar e combater crime de lavagem de dinheiro e fraudes e regras de segregação patrimonial (cliente e empresa) e de constituição da empresa (ser sediada no Brasil, estar sob as leis brasileiras).” Além disso, o documento prevê regras de proteção ao consumidor, criação de órgão regulador e regra de transição.



PASSO A PASSO

Investir é fácil, mas exige estudos

Interessados devem se atentar para algumas questões antes de iniciar suas transações


Para quem já investe e quer diversificar a carteira ou decidiu começar no mundo das criptos agora, o passo mais importante é conhecer bem a própria capacidade de investimento e estudar para se blindar de falsas promessas de altos rendimentos. E a melhor maneira de fazer isso é buscar informação de qualidade: existem diversos grupos em aplicativos de mensagens e páginas de conteúdo especializado, assim como nos sites e redes sociais dos maiores players do mercado.


Você está pronto para investir em criptos?

Reserve um tempo e faça essa autoanálise. Quanto você tem disponível para investir? E não pense inicialmente em milhares de reais, mas esteja ciente de que fazer um investimento é separar uma quantidade de dinheiro e aplicá-lo para render ao longo do tempo. Quanto mais tempo deixar o valor rendendo, maiores são as possibilidades de ganhos, de acordo com a volatilidade do mercado.
“Temos clientes de todas as classes e estilos, desde os que investem R$ 10 todo mês em Bitcoin, até os que investem milhares de reais em moedas mais alternativas”, destaca o CPO da BitPreço, Ton Marques. Mas essa facilidade de investimentos a partir de valores bem acessíveis, com aplicações recorrentes ou pontuais, não anula a importância de ter cautela nas aplicações, pois se trata de um investimento mais volátil.
Não há dados específicos sobre o perfil geral de quem investe em criptomoedas no Brasil, mas uma pesquisa interna da BitPreço mostra quanto esse mercado é democrático. Com participação ainda tímida de mulheres, a maioria dos usuários investidores é de homens com idades entre 18 e 44 anos.
Um levantamento feito pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) junto com o Datafolha mostra, porém, que as criptomoedas ocupam lugar de destaque na carteira de investimentos da geração Z – jovens com idade entre 16 e 25 anos, sendo que, dos 26% que investiram em algum produto financeiro em 2021, 5% investiram em criptomoedas, revelando uma abertura maior nesse perfil de público. “A recomendação que damos é que o dinheiro usado para comprar criptomoedas não seja sua reserva de emergência, isto é, que não precise do dinheiro para pagar contas ou possíveis emergências. Isto porque é um mercado muito volátil, então pode ser necessário aguardar um momento mais adequado para a venda dos ativos”, complementa Marques.


As principais moedas do momento e por onde começar

Existem milhares de criptomoedas pelo mundo, de diversos segmentos e tamanhos – o que aumenta a necessidade de atenção na hora de escolher em qual investir. Com o dinheiro para aplicar, a dica é começar com as maiores e mais populares: Bitcoin (BTC) e Ethereum (ETH), ambas disponíveis na maioria das corretoras e plataformas de investimentos. Em seguida, basta abrir uma conta em uma corretora de confiança, enviar um PIX com o valor disponível para investimento e trocar por criptomoedas. “Sugiro sempre começar por Bitcoin e Ethereum, para depois ir conhecendo as outras. Para quem ainda tem algum receio, recomendamos utilizar nosso simulador, para negociar com valores fictícios e testar suas habilidades”, indica Yuri Fernandes. Corretoras são como intermediárias que conectam investidores de dinheiro real com o mundo das criptomoedas. A maioria delas oferece o preenchimento do cadastro com dados pessoais pela internet, mas algumas podem exigir cópias dos documentos originais. A transferência para a plataforma pode ser feita também por depósito por transferência bancária, TED e até cartão de crédito. Na BitPreço, complementa Yuri, a plataforma procura entre diversas outras corretoras o melhor preço para o cliente comprar ou vender criptomoedas.

Cinco dicas para investir com tranquilidade e segurança

Qualquer pessoa pode comprar e vender essas criptos diretamente, sem a necessidade de um intermediário, mas, apesar de ser opção aparentemente atrativa, é uma das formas mais comuns para a prática de golpes. Fique de olho nas dicas:
1. Prefira instituições e plataformas consolidadas, conhecidas. Pesquise o mercado e troque informações com outros investidores.
2. Fuja de qualquer oferta de dinheiro fácil, com retornos altos e garantidos, pois, normalmente, são golpes.
3. Antes de comprar pelo celular, pesquise as avaliações, o contato do desenvolvedor, o número de instalações e outras informações para verificar a autenticidade da plataforma.
4. Cuidado com os e-mails phishing, que apresentam links e arquivos para baixar e, quando o usuário clica ou faz download, é infectado com algum vírus, para roubo de dados.
5. Busque um profissional de confiança que você possa consultar em qualquer dúvida.



Educação pode expandir o criptomercado, dizem empresas

Estima-se que apenas 3% da população saiba o que é Bitcoin, sinalizando uma longa jornada de aprendizado ainda sobre esse mercado. Para romper essa barreira, grandes referências em criptomoedas no Brasil como BitPreço e Binance investem na educação como principal ferramenta para apresentar os benefícios desses ativos e alertar sobre os cuidados que todo usuário ou novo investidor deve ter.
A Binance Academy é uma dessas iniciativas, com cursos e conteúdos em 21 idiomas para todos os níveis de conhecimento. Nesse site, o usuário tem acesso, por exemplo, a um Guia de Trade para iniciantes, entre outros conteúdos.
O simulador de negociações da BitPreço também oferece uma experiência pedagógica ao permitir que o usuário acesse um “dinheiro fictício” para aprender a operar no mundo de criptos. “Vemos a educação como o primeiro passo para entender os benefícios e cuidados que os novos investidores devem ter com o Bitcoin. Temos canais muito ativos, com informações diárias nas principais redes sociais, como Instagram, Facebook e TikTok”, explica André Hamada, COO da BitPreço.



EXPANSÃO

O futuro da criptomoeda

Mercado projeta ampliar utilização da moeda digital para mais serviços e experiências


Já imaginou fazer a feira pagando com criptomoeda? Se depender dos atores desse mercado, essa transação não é somente possível, como acompanharemos a sua utilização em diversas outras pontas. Por isso, dentro de uma economia mais digitalizada, a criptomoeda é considerada a moeda do futuro, embora já esteja presente em alguns setores.
Para Bernardo Srur, diretor da ABCripto, a expansão das criptos e da tecnologia blockchain “é pontos sem volta. Elas estão integradas há vários setores da sociedade e muito difundidas. Não há retorno; ao contrário, cada vez mais teremos expansão em todos os níveis da sociedade. Há iniciativas de empresa para levar as criptos para o mercado financeiro tradicional. Observamos a adoção crescente da tecnologia e uso cada vez maior de criptos para fazer pagamentos”, diz.
Nesse sentido, novas criptomoedas vindas de diferentes partes do mundo devem ser lançadas, assim como a ampliação do seu uso: a criptomoeda já está presente no e-commerce, e tem potencial de ganhar mais escala. No Brasil, a onda foi iniciada no Mercado Livre, que integrou as criptos em sua plataforma, começando a ofertar a compra, venda e custódia de Bitcoin (BTC) e outros ativos para clientes brasileiros no fim do ano passado.
Para ampliar a utilização das criptomoedas no uso cotidiano e facilitar a vida das pessoas, a Binance pretende lançar no Brasil o Binance Pay - um sistema de pagamento já usado em outros países. De acordo com a empresa, mesmo que o usuário não tenha conta em banco, mas um celular na mão, poderá abrir uma conta e usar criptoativos para fazer a feira ou comprar na mercearia da esquina, apenas apontando a câmera para o QRCode.


Salário em criptomoeda

Engana-se quem pensa que as criptomoedas fiquem restritas a investimentos ou compra de produtos e serviços. Em alguns países, já são usadas até como meio de remuneração salarial. É o que acontece na Argentina e Nova Zelândia, por exemplo. No país sul- -americano, há organizações que adotaram o mecanismo para pagar até 20% da remuneração dos trabalhadores, e o colaborador pode sacar seu salário na criptomoeda de sua escolha. No Brasil, ainda há complexidades que impedem esse tipo de uso, mas se a Câmara dos Deputados aprovar o projeto que regulamenta o setor, pode haver a possibilidade de parte do pagamento dos setores público e privado ser feito em criptomoedas.


Esporte e música

O mercado de criptoativos também tem grandes oportunidades de expansão em outras searas, como nos esportes e na música. Em janeiro, a plataforma Bitso, que opera no Brasil, Argentina e México, anunciou o patrocínio ao São Paulo Futebol Clube. Já o Mercado Bitcoin patrocinou o Troféu Brasil de Natação, em 2021. No ano passado, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) lançou a sua própria criptomoeda.
Da mesma forma, a Binance vem ajudando na expansão do uso de criptoativos por meio de parcerias esportivas, incluindo o Brasileirão, além dos campeonatos da CBF Femininos (Brasileiro Feminino, A2 e A3), o Paulistão e o Santos Futebol Clube.
Já no exterior, a Binance e o Primavera Sound se uniram recentemente em uma parceria estratégica para as edições de Barcelona e Porto, que ocorreram do dia 1 a 12 de junho. O público do festival pôde fazer pagamentos com criptomoedas, por meio do Binance Pay, em 50 pontos de vendas. Além disso, a empresa anunciou que é a patrocinadora oficial da turnê “After Hours Til Dawn” do The Weeknd, sendo a primeira turnê de shows mundial a integrar a tecnologia Web 3.0 para otimizar a experiência dos fãs.


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Créditos desta Edição:

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