Sinônimos de inclusão, compromisso e desenvolvimento
“O cooperativismo é um agente ativo e efetivo de inclusão, democratização e desenvolvimento sustentável, não apenas do país, mas principalmente de pessoas. Nosso movimento tem o desafio de pensar o futuro a partir de perspectivas que contribuam para consolidar cada vez mais uma economia social e solidária, centrada no bem-estar e na prosperidade de todos”, descreve Márcio Lopes de Freitas, presidente do Sistema OCB. Referindo-se especificamente ao cooperativismo de crédito, o dirigente ressalta o fato de ele exercer papel fundamental por sua capilaridade e capacidade de distribuição de recursos para as mais diferentes atividades e ações, não apenas de cooperativas e associados, mas para os brasileiros em geral. “As cooperativas de crédito são, ainda, importantes vetores de democratização, educação e inclusão financeiras”, complementa.
De acordo com o Panorama do Sistema Nacional de Crédito Cooperativo (SNCC), divulgado na semana passada, em 2021 as cooperativas mantiveram-se em franco crescimento no Sistema Financeiro Nacional (SFN): sua carteira de crédito ativa, por exemplo, aumentou 35,9%, enquanto a do SFN cresceu 15%. Os ativos totais, que incluem não apenas a carteira de crédito, mas os outros bens, totalizaram R$ 459 bilhões, alta de 23,5% no ano, e o estoque de captações de recursos subiu 23,7%, em ritmo superior ao dos outros ramos do SFN. Avançaram também o número de cooperados e de cidades que contam com unidades de atendimento (veja mais na página 2).
Para César Bochi, diretor presidente do Sicredi, o cooperativismo de crédito tem potencial de crescimento no Brasil. De acordo com ele, considerando a população economicamente ativa nacional, a taxa de penetração está próxima de 10%, enquanto nos Estados Unidos ela é superior a 60% e no Canadá ultrapassa os 40%. “Acredito que quanto mais o modelo e seus diferenciais forem assimilados pelas pessoas, mais ele avançará, pois além de toda a atuação social das cooperativas, os associados a elas participam de suas decisões por meio do voto e de seus resultados por meio da distribuição deles, realizada de forma proporcional à utilização de produtos e serviços. Lembro, ainda, que as cooperativas não têm acionistas e que os seus resultados são sempre distribuídos e reinvestidos nas comunidades onde atuamos”, detalha o executivo.
Essas características configuram diferenciais que certamente têm atraído os brasileiros. “No sistema cooperativo todos os participantes são donos do negócio. As decisões são tomadas democraticamente, enquanto parte dos resultados é dividida proporcionalmente à participação de cada associado” enfatiza o diretor executivo da Unicred, Vladimir Duarte. Ele argumenta que o cooperativismo de crédito oferece vantagens para quem quer acessar produtos e serviços financeiros com condições justas e transparentes, e que as instituições, além disso, têm um importante papel social na conscientização financeira. Ainda em relação aos benefícios proporcionados pelas cooperativas de crédito, ele cita o atendimento personalizado e sem viés comercial, e as condições competitivas.
Edson Machado Monteiro, diretor presidente da Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo de Funcionários de Instituições Financeiras Públicas Federais - Cooperforte, diz que o cooperativismo financeiro é compreendido, no mundo, como uma solução econômica e social para o crédito, para os investimentos e para a prestação de serviços. Ele também coloca em evidência o fato de as instituições do ramo não terem como objetivo o lucro e que o resultado gerado, apartadas as reservas legais e as estabelecidas pelo regulador, e aquilo que é retido como segurança patrimonial, é distribuído entre os associados. “Então, além de ter a satisfação de uma prestação de um serviço de melhor qualidade, eles participam diretamente dos resultados da eficiência operacional da cooperativa”, diz. Edson vê na frustração de brasileiros com os bancos outro motivo para o crescimento das cooperativas. Afinal, por exemplo, elas têm como característica dar atenção às pessoas, de recepcionálas, de buscarem a ampliação dos pontos de atendimento e de estarem próximas das comunidades, ao contrário de outros tipos de instituições financeiras, cada vez mais recolhidas e acessíveis somente por meio de canais digitais ou telefone. Edson ressalta ainda que as cooperativas, pelo seu modelo de negócios, têm condições de oferecer custos financeiros mais baixos. “As pessoas sentem mais segurança quando encontram ofertas mais vantajosas e, combinado a elas, um atendimento personalizado”, avalia o diretor presidente da Cooperforte.
Para o diretor de Coordenação Sistêmica e Relações Institucionais do Sicoob, Ênio Meinen, as cooperativas estarem sempre presentes na vida das comunidades, mesmo em momentos de adversidade, ajuda a explicar o seu sucesso e o seu avanço. Quando há uma situação de crise, como a de pandemia, instituições financeiras convencionais costumam retira-se de cena, porque aumentam os riscos e elas querem averiguar como ficará o mercado. “As cooperativas, dado o seu propósito de atender seus membros – que são seus donos –, não têm o direito de ficar observando. Então, acabam assumindo até um papel contracíclico, mantendo os seus os canais de fornecimento de recursos para os cooperados. Esse ir ao encontro, o fato de não desamparar os seus associados, acaba também atraindo novas pessoas”, avalia. Ênio reforça como aspecto que explica o êxito das cooperativas a condição de não visarem o lucro. Com isso, via de regra, elas ofertam melhores condições em empréstimos, em pacotes de tarifas, etc., quando comparadas a outros tipos de instituições financeiras. “Hoje, mais do que nunca, considerando a combinação de preparação de pessoal, de estrutura de agências, de tecnologias e de portfólio, e as condições de relacionamento e de preços, as cooperativas financeiras estão preparadas para acolher cidadãos e pessoas jurídicas”, conclui Ênio.
Foi na cidade de Nova Petrópolis, no Rio Grande do Sul, em um dia 28 de dezembro de 1902, que foi fundada a primeira cooperativa de crédito da América Latina. Evidentemente, de lá para cá, muita coisa mudou em termos de legislação, produtos e serviços e tecnologia.
Mas uma característica fundamental do cooperativismo manteve-se inalterada: o compromisso das instituições com as comunidades em que estão inseridas. “As cooperativas têm um alto engajamento territorial, até em razão da sua cartilha filosófica. O sétimo princípio cooperativista, aplicado no mundo todo, diz que elas têm compromisso com a comunidade. Então, parte do resultado contábil, que são as sobras, os excedentes, é canalizada para projetos sociais, para a formação de novos empreendedores, para ajudar pessoas que estejam em dificuldade, para ajudar escolas, para ajudar a segurança pública, etc. As cooperativas de crédito investem muito nas comunidades por uma questão de princípios, mas também pelo fato de os associados viverem nelas. Eles ou residem onde a cooperativa tem agência, ou empreendem lá”, descreve diretor de Coordenação Sistêmica e Relações Institucionais do Sicoob, Ênio Meinen. Números do Banco Central (Bacen), órgão que autoriza e supervisiona o seu funcionamento, sinalizam a força das cooperativas de crédito no país.
As cooperativas de crédito têm a característica de estarem baseadas em uma visão global, mas atuarem localmente, alinhadas com as características de cada região, de acordo com o diretor presidente do Sicredi, César Bochi. “Também em função disso, conseguem estar tanto em grandes cidades como em pequenos municípios, levando soluções financeiras e atuação social. Para se ter uma ideia, atualmente existem mais de 200 municípios em que o Sicredi é a única instituição financeira fisicamente presente e isso acontece em função da nossa característica ser de estar onde as pessoas precisam da nossa atuação”, diz. Ele cita que o cooperativismo de crédito tem como principal diferencial promover um clico virtuoso, em que os recursos captados a partir da participação de associados são direcionamos para os associados da mesma região de atuação daquela cooperativa, estimulando a geração de renda e o desenvolvimento econômico e social local, especialmente entre as pequenas e microempresas e pequenos produtores rurais. O executivo do Sicredi menciona um estudo da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE) que mostrou que a presença de uma cooperativa de crédito incrementa o Produto Interno Bruto (PIB) per capita dos municípios em 5,6%, cria 6,2% mais vagas de trabalho formal e aumenta o número de estabelecimentos comerciais em 15,7%. “São dados que mostram a importância do nosso sistema para o empreendedorismo local”, avalia.
O diretor Executivo da Unicred, Vladimir Duarte ressalta, ainda, que “as cooperativas têm um modelo de negócio que permite a elas alcançar, juntas, o bem comum, proporcionando aos seus associados condições justas e igualitárias. O princípio do cooperativismo é fazer com que esse grupo de pessoas participe do desenvolvimento social de forma estruturada e democrática”. Segundo ele, a Unicred seguirá reforçando os princípios norteadores que são base de todo o cooperativismo, como a sustentabilidade econômica, a educação financeira e o apoio e desenvolvimento às comunidades. Ele aponta que hoje o sistema cooperativo financeiro já oportuniza, por exemplo, mais de 89 mil empregos diretos. E que uma recente pesquisa do Fundo Garantidor do Cooperativismo de Crédito (FGCOOP) denota razões para otimismo: ele projeta a abertura de 1,3 mil novas cooperativas no Brasil até o final de 2022, com a criação de mais 13 mil postos de trabalho.
As estatísticas reunidas no Anuário do Cooperativismo Brasileiro de 2022, indicam que em 2021, havia no país 763 cooperativas de crédito que somavam 14 milhões de associados. Outro número que salta aos olhos é o de unidades de atendimento mantidas pelas cooperativas: de acordo com Panorama do Sistema Nacional de Crédito Cooperativo, ele chegou a 8.064 em 2021. As instituições financeiras do segmento estão presentes em todas as regiões do país e em mais da metade dos municípios. Em 275, elas são a única fisicamente presentes. Se consideradas cidades que possuem somente cooperativa e posto de atendimento avançado, podendo este último ser apenas eletrônico, o número sobe para 754 municípios onde não existem outras instituições financeiras. Isso deixa clara a capacidade de o ramo contribuir com o processo de inclusão financeira, levando produtos e serviços a mais pessoas. A presença física das cooperativas nas localidades tem diversos impactos positivos. Ênio Meinen, do Sicoob, ilustra: em Guariba, distrito de Colniza (MT), por exemplo, os moradores comemoraram a chegada de um ponto de atendimento da instituição, o que permitiu a eles realizarem tarefas como o pagamento de boletos e contas, o que antes demandava um deslocamento de 150 km a um custo de R$ 200. O diretor do Sicoob reforça que as cooperativas também fazem o relacionamento digital. Mas, por outro lado, para chegar e estar perto das pessoas, têm a força das agências. Assim, o cooperativismo inclui, traz para dentro do atendimento públicos que não têm acesso aos mecanismos tradicionais do sistema bancário ou de uma fintech, ou ainda, a recursos tecnológicos ou familiaridade com eles. César Bochi, do Sicredi, considera a capacidade de bancarização das cooperativas frente aos diferentes modelos de instituições financeiras um diferencial. Um estudo conduzido por um pesquisador do Departamento de Economia da PUC-Rio, concluiu que elas conseguem abrir agências em municípios a partir de 2,3 mil habitantes, número bem inferior aos cerca de 8 mil residentes necessários para outros modelos de instituições financeiras. “Pode-se dizer então que as cooperativas de crédito atuam na direção da democratização do sistema financeiro do Brasil. Tanto é que o Banco Central entende, em sua Agenda BC#, o cooperativismo como um importante meio de inclusão e desenvolvimento financeiro das pessoas”, conclui.
As necessidades, desejos e as oportunidades resultantes de avanços em processos e tecnologias estão no radar das cooperativas de crédito. A ideia, de maneira geral, é proporcionar aos associados, que são donos das instituições, todas as soluções que sejam pertinentes a eles, com a máxima qualidade e segurança.
“Para crescer é necessário inovar, e a inovação é hoje um dos conceitos mais bem desenvolvidos no Sistema Unicred’, sintetiza o diretor Executivo da cooperativa, Vladimir Duarte. Ele detalha que a instituição possui trilhas de atuação em áreas distintas dedicadas ao tema, de maneira a garantir a evolução em processos e na entrega de resultados aos cooperados, utilizando ferramentas e metodologias como design thinking, lean startup, lean inception, entre outras. “Não se faz cooperativismo sem pessoas. Portanto nossa atuação será sempre voltada aos nossos cooperados, com soluções alinhadas à evolução tecnológica eficiente, à sustentabilidade financeira e, evidentemente, para estarmos próximos de cada um deles – com excelência em resultados, segurança e transparência”, diz Vladimir. A Unicred dedica-se a oferecer atendimento personalizado, comodidade e segurança para todos a partir de espaços de novas agências e sedes com conceito e infraestrutura excelentes, mas também atendimento digital cada vez mais responsivo, de ponta e plenamente funcional. O diretor Executivo destaca o constante lançamento de projetos, produtos e serviços, como o Unicred Pay (que oferece pagamentos à distância), novo Clube de Vantagens, carteiras digitais, Letra de Crédito Imobiliário, Saldo Global de Investimento e a evolução em Previdência. “Tudo isso decorre do nosso investimento crescente em inovação. Recentemente apresentamos dois grandes projetos: o Go
No Sicredi, de acordo com o seu diretor presidente, César Bochi, um grande diferencial da instituição é o portfólio completo de soluções, que vão desde cartões, máquina de cartões, seguros e consórcios a produtos de investimentos muito competitivos. “Destaco também os produtos de empréstimos e financiamento para todos os púbicos e que geram desenvolvimento, empreendedorismo, emprego e renda nas regiões onde atuamos. Temos um foco grande em manter o relacionamento próximo por meio de nossas mais de 2,4 mil agências em todos os estados do Brasil, mas também disponibilizamos soluções digitais, tendo, inclusive, um dos aplicativos mais bem avaliados entre as instituições financeiras nacionais”, explica. O Sicredi está vivendo uma jornada de transformação digital, com iniciativas que vão além do investimento em tecnologia, e englobam incrementos de processos e de pessoas, e consideram o fato de a instituição querer ser simples, próxima e ativa em relação aos seus associados, sempre levando em conta o perfil e a demanda deles e as características da economia do local onde a cooperativa atua. “A aproximação com startups vem sendo fundamental para o desenvolvimento de soluções digitais e evolução do Sicredi e dos negócios dos nossos associados. Criamos o programa Inovar Juntos, em que estabelecemos parcerias com empresas capazes de gerar soluções inovadoras. Só no primeiro semestre de 2022 lançamos 13 desafios ao mercado, crescendo cada vez mais a nossa capacidade de aproximação com o ecossistema de startups”, relata Bochi. Ele destaca, ainda, o apoio do Sicredi ao programa de potencialização de startups Intensive Connection, idealizado pelo AgTech Garage – um dos maiores hubs de inovação da América Latina para o agrobusiness – como forma de criar valor a produtores rurais. “Ainda, recentemente fomos reconhecidos pelo ranking da 100 Open Startups como Top Open Corp 2022 na categoria de serviços financeiros, de forma que isso nos coloca em uma posição de grande destaque no ecossistema de inovação nacional. Inovamos sempre sem nunca deixar de lado a nossa essência cooperativa”, conclui.
O Sicoob também trabalha continuamente no sentido de inovar em favor dos seus associados. A instituição preconiza, segundo seu diretor de Coordenação Sistêmica e Relações Institucionais, Ênio Meinen, realizar todos os investimentos para garantir relacionamentos seguros e com uma alta disponibilidade de tecnologia aos associados, dando a eles a possibilidade de utilizarem os recursos com conforto, a qualquer momento, e por todos os canais necessários para que façam seus negócios. “Quer fazer uma aplicação financeira? Quer ter um cartão? Quer tomar um empréstimo? Tudo isso já está no nosso portfólio. Mas estamos melhorando-o, sempre, e aprimorando nossos investimentos para tornar os processos cada vez mais fluídos”, diz ele. “Apesar de o Sicoob proporcionar aos associados tudo aquilo que qualquer instituição do mercado, banco ou fintech, proporciona, nunca esquecemos a questão da proximidade com os cooperados, o que consideramos um diferencial”, complementa. Ênio relata, ainda, que a cooperativa faz pesquisas permanentes com seus membros para saber sobre as suas opiniões e demandas, mas também está atenta ao que acontece no mercado. A ideia é garantir o acesso deles às diversas soluções que existem e que um usuário do sistema financeiro possa precisar. “Queremos sempre atender os cooperados, que, afinal, são os donos da instituição. E seria muito chato o dono no negócio, que está com o seu capital na instituição financeira, não poder ser atendido por ela”, finaliza.
Pauta em evidência e obrigatória em todos os setores do mundo dos negócios, a adoção das boas práticas relacionadas a Meio Ambiente, Sociedade e Governança (representadas pela sigla, em inglês, ESG) se fortalece também entre as cooperativas de crédito. Há a clara percepção, no entanto, de que o cooperativismo, em razão dos princípios que o originaram e são seguidos pelas instituições que adotam o modelo, já tem em seu DNA a preocupação com o desenvolvimento sustentável. Assim, enquanto outras organizações precisam mudar desde a sua mentalidade até a forma de conduzir negócios, o dever de casa para as cooperativas parece ser mais simples. “Ainda que esteja em maior evidência, a temática ESG não é propriamente novidade para a Unicred. Muitos dos princípios do cooperativismo de crédito guardam similaridade com os fundamentos que norteiam as práticas ESG. Nossa atuação é baseada, entre outros fatores, em uma economia solidária, na livre participação econômica dos membros, nos conceitos da cooperação interna e, especialmente, na atenção aos impactos de nossas ações sobre as comunidades em que estamos inseridos”, exemplifica Vladimir Duarte, diretor Executivo da cooperativa. Ele assegura que, mesmo assim, a instituição se dedica a buscar oportunidades significativas e até mesmo criar espaços para, cada vez mais, incorporar a pauta ESG em todas as suas estratégias no mercado brasileiro.
O diretor presidente do Sicredi, César Bochi, corrobora a percepção sobre a aproximação existente entre as práticas ESG e o modelo de atuação cooperativo, o que faz com que as temáticas ambiental, social e de governança perpassem, naturalmente, as iniciativas da instituição e se apresentem de forma transversal na estratégia do negócio. “Somos participantes do Pacto Global, iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU), cumprindo com os seus 10 Princípios Universais, e contribuímos com os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Nessa linha, temos uma estratégia de sustentabilidade que conta com uma robusta estrutura de governança para garantir a implantação do tema em todo o sistema, e todas as ações são embasadas em uma Política de Sustentabilidade estruturada”, descreve. Também como forma de trazer transparência às suas ações, o Sicredi divulga, desde 2012, anualmente, o seu Relatório de Sustentabilidade no padrão GRI, auditado por empresa independente. “Nele reportamos nosso modelo de geração de valor, nossos avanços na governança e nosso desempenho financeiro e não-financeiro, a partir de uma matriz de materialidade dividida em 12 temas focais”, conta Bochi.
Segundo Ênio Meinen, diretor de Coordenação Sistêmica e Relações Institucionais do Sicoob, hoje não existe evento em que o tema ESG não apareça. “É o assunto do momento e acho muito bom que assim seja”, afirma. Para ele, existem empresas que vão cumprir apenas as regras (relacionadas a ESG) determinadas pelos órgãos de supervisão; outras que agirão motivadas por demandas de clientes e/ou de mercado, porque há uma pressão deles nesse sentido; e, por fim, há um bloco com organizações que zelarão pelos pilares ESG porque estão filosoficamente convencidas da importância deles. “Por aí será possível classificar todas as empresas do mundo. E o que acontece com as cooperativas?
Desde o seu nascedouro, lá em 1844, elas abraçam os pilares de ESG porque estão territorialmente engajadas. Afinal, se você é comprometida com a comunidade, você cuida também dos aspectos ambientais e dos aspectos sociais nelas”, considera. Ênio relata que o Sicoob, está direcionando o seu portfólio operacional e as ações para uma linha de desenvolvimento cada vez mais sustentável. “No campo social, as nossas atitudes principais estão associadas à justiça financeira, à inclusão e ao financiamento de projetos coletivos. Muitas cooperativas têm no seu estatuto o chamado Fundo Social, e os canalizam para viabilizar as iniciativas. Estou falando de prosperidade socioeconômica, de inclusão, de cidadania, que são preconizadas pela Organização das Nações Unidas”, detalha. O diretor do Sicoob cita como desafios e compromissos da instituição no campo da governança, por exemplo, os de conduzir mais mulheres para a camada superior de administração, já que ainda há poucas que são diretoras, conselheiras ou presidentes, por exemplo. Também há um olhar para ampliar a presença de jovens em altos cargo. O Sicoob lançou o seu Plano de Sustentabilidade, com ações e metas previstas para até 2030. O documento está estruturado em sete compromissos, que se desdobram em 24 objetivos.
Em agosto passado, o Sistema OCB lançou o Programa ESGCoop, que reúne estratégias de ESG dentro do modelo de negócio cooperativista e pretende colocar o ramo como protagonista da agenda sobre esses temas no Brasil. No evento em que foi apresentada a iniciativa, a superintendente do Sistema OCB, Tânia Zanella, contou que para sua elaboração foram ouvidos, por meio de um grupo de trabalho, as Unidades Estaduais e as cooperativas que já estão tratando da pauta, bem como fornecedores e parceiros. Nesse processo, encontraram-se excelentes e avançadas propostas, que estão contempladas no programa. O ESGCoop está alicerçado em quatro pilares fundamentais: mapeamento de ações já realizadas no cooperativismo; definição e organização de indicadores conectados com os negócios; escolha de caminhos coletivos de evolução para ter o maior impacto positivo possível; e, formação de lideranças ESG. O programa deverá facilitar o compartilhamento das boas práticas entre as cooperativas, ajudará a medir os impactos socioambientais delas no Brasil e, ainda, ampliará o potencial para conquistar cooperados, clientes e investimentos.
Em meados deste ano foi sancionada a Lei Complementar 196/22, que moderniza o Sistema Nacional de Crédito Cooperativo (SNCC). O novo marco regulatório, nas palavras do presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas, “abre caminho para o cooperativismo financeiro assumir cada vez mais protagonismo e responsabilidades na economia brasileira, com o aprimoramento das regras de gestão e governança, assim como de instrumentos inovadores que contribuem para alavancar a inclusão financeira no país”. Ênio Meinen, diretor de Coordenação Sistêmica e Relações Institucionais do Sicoob, avalia que a nova lei aprimorou as condições de negócios e de governança, fortaleceu o sistema, e trouxe maior segurança jurídica operacional. Um dos destaques, segundo ele, reside na autorização para as cooperativas executarem “operações sindicalizadas”. “Por exemplo, uma cooperativa X tem como associado uma pessoa jurídica maior e os limites dela são insuficientes para atendê-lo. Quando isso acontecia, o cooperado procurava um banco. Agora foi autorizado que uma cooperativa de crédito A, mais uma cooperativa B, mais uma C, conjuguem-se em termos de risco e de recursos para atender a demanda desse membro”, exemplifica. Outro avanço importante, na avaliação de Meinen, relacionase a uma maior segurança operacional, já que, até a nova lei ser sancionada, juízes poderiam bloquear quotas-partes de cooperativas para quitação de possíveis dívidas de associados com um terceiro.
Como isso não é mais permitido, crescem a proteção e a segurança ao patrimônio das cooperativas. O diretor presidente do Sicredi, César Bochi, considera que a nova lei traz oportunidades de negócios, aprimora a governança e possibilita diversos avanços. Ele celebra a coesão dos integrantes do SNCC, liderados pela OCB, em prol das propostas, que tramitaram em tempo recorde. Bochi também cita os ganhos com a possibilidade do empréstimo compartilhado, e destaca as possibilidades trazidas pela legislação em relação às campanhas promocionais para capital social e de utilização dos recursos do Fundo de Assistência Técnica, Educacional e Social (Fates) para apoio às comunidades. “É importante, ainda, o tema de associação de conselhos profissionais, o que abre um leque interessante de relacionamento com novos públicos”, diz. Bochi salienta, por fim, evoluções importantes relacionadas à governança, com a obrigatoriedade de constituição de conselhos, possibilidade de atuação de conselheiros independentes e a vedação da sobreposição de cargos de presidentes, vices e diretores nos diversos níveis dos sistemas.
Cooperativas de todo o mundo, independentemente do ramo de atuação, seguem sete princípios. São eles:
ADESÃO VOLUNTÁRIA
cooperativas são abertas a qualquer pessoa apta a utilizar seus serviços, sem qualquer tipo de discriminação.
GESTÃO DEMOCRÁTICA
cooperativas são controladas por todos os seus membros, que participam ativamente na formulação de suas políticas e na tomada de decisões.
PARTICIPAÇÃO ECONÔMICA
todo associado deve contribuir para o patrimônio das cooperativas, e o uso dele é decidido democraticamente.
AUTONOMIA E INDEPENDÊNCIA
cooperativas são organizações autônomas. Se firmarem acordos com outras, isso deve ocorrer em condições que assegurem o controle democrático pelos membros e a sua autonomia.
EDUCAÇÃO, FORMAÇÃO E INFORMAÇÃO
cooperativas devem contribuir para a educação, formação e informação de seus associados e da sociedade em geral.
INTERCOOPERAÇÃO
cooperativas trabalham em conjunto para fortalecer o movimento local, regional, nacional e internacionalmente.
INTERESSE PELA COMUNIDADE
contribuir para o desenvolvimento sustentável das comunidades é algo natural ao cooperativismo. As cooperativas fazem isso por meio de políticas aprovadas pelos membros.
Organizações nesta categoria caracterizam-se por serem “cooperativas para pessoas”. Seu objetivo principal é prestar serviços diretos aos associados. Cooperativas singulares são formadas por pelo menos 20 cooperados e, de maneira geral, não permitem a admissão de pessoa jurídicas. Quando essa possibilidade é prevista, a prerrogativa é a de que elas não operem no mesmo segmento econômico. São exemplos de cooperativas singulares: CooperJohnson, CrediBasf, CoopCargill, Coop Ericsson, CooperBombril e Credi Nestlé.
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Créditos desta Edição:Redação: Gustavo Dhein
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