Caderno publicado em: 13 de março de 2021.


Cresce o número de pessoas que se rende aos encantos dos pets e à adoção responsável

De 2018 para 2019 a quantidade de cães no Brasil evoluiu 1,7%, a de gatos 3,0%, a de peixes 1,5%, a de aves 0,5% e a de répteis e pequenos mamíferos 4,0%. A média geral de expansão foi de 1,7%, de acordo com dados do Instituto Pet Brasil. E motivos para isso não faltam!
Há uma série de estudos que demonstram os benefícios da convivência com os bichinhos. Um deles é do Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC), segundo o qual ter um pet em casa pode reduzir o nível de ansiedade infantil.
Outro é o experimento feito em 2016 pela Universidade de Massachusetts, nos Estados Unidos, com 223 diabéticos do tipo 1, de 11 a 19 anos, que indicou a tendência 2,5 vezes maior de manutenção de níveis equilibrados de açúcar no sangue entre os que possuíam um animal de estimação. Se esses argumentos contam na decisão de adotar, outro fator pesa ainda mais: o amor que dedicam aos seus tutores, que se tornou ainda mais relevante frente à necessidade de distanciamento social, por conta da pandemia de Covid-19.
Divertidos, brincalhões, solidários e carinhosos, os animais domésticos têm ajudado as pessoas a enfrentarem a solidão.
Que o diga a figurinista e aderecista Sônia Horta. “Meu Xangô tem sido minha tábua de salvação. Não fosse ele, eu já teria me descabelado nesta quarentena”, diz ela, referindo-se ao seu gato, um Sem Raça Definida (SRD) de quatro anos. A paulistana mora sozinha e, por estar cumprindo à risca as orientações para evitar contágio, passa os dias na companhia do bichano. “Ele me ajuda de várias formas: uma é com a troca de carinho que, no momento, não posso ter com as pessoas; outra é que, por sua fragilidade, ele me motiva a estar bem para cuidar dele”, resume, sem esquecer-se de mencionar que é delicioso dormir olhando para os olhos azuis que a fizeram se apaixonar pelo bichinho.
De fato, gatos dão mais alegrias que trabalho. São independentes, fazem suas necessidades em caixas de areia fáceis de manter limpas e são caçadores de insetos indesejáveis. Há quem afirme que eles ainda têm o poder de diminuir o nível de estresse e que o som do ronronar é garantia de uma boa noite de sono.
Já os cães têm o poder de fazer seus tutores socializarem e se exercitarem – característica que pode ir muito além. “O Trotsky é um suporte emocional muito grande pra mim”, declara o aposentado gaúcho Paulo Henrique Medeiros, que mora há quatro anos em Madri, na Espanha, na companhia de seu West Highland White Terrier. Sem muitos amigos no país, Paulo afirma que as duas ou três saídas diárias com o caõzinho contribuem para que ele próprio se divirta e se relacione com outros “cachorreiros” nos parques que frequentam. Até mesmo durante os dias da tempestade que assolou Madri recentemente, o tutor retribuiu a lealdade de Trotsky levando-o para passear pelas redondezas de sua casa – onde, alheio ao frio e com as patas fincadas na neve, o bichinho pulou e se divertiu muito. “Ele me faz um bem danado”, derrete-se o aposentado.
Se cães e gatos interagem mais com seus tutores, outros animais encantam pela beleza, pelos sons que emitem e pela paz que são capazes de transmitir – caso de peixes e aves ornamentais. Seja qual for a escolha, os tutores devem retribuir esses benefícios adotado os cuidados necessários para que seus animais tenham uma vida saudável e segura.



Prevenção é o melhor remédio

Consultar com frequência um veterinário garante a longevidade e o bem-estar dos animais e contribui para reduzir a transmissão inclusive de zoonoses, doenças transmitidas aos humanos. O alerta é da coordenadora técnica da Zoetis Brasil, Emilene Prudente, que destaca a evolução e profissionalização acelerada do mercado pet nos últimos anos. “Hoje, os veterinários têm à mão uma gama de produtos destinada à prevenção e ao diagnóstico e tratamento – conceito mundialmente conhecido como continuum of care, ou seja, a gestão da saúde como um todo, em todas as fases de vida do animal”, explica, acrescentando que, em poucos minutos, o médico veterinário tem resultados precisos de exames laboratoriais importantes para a detecção de diversas doenças.
A profissional também menciona os produtos inovadores à disposição no mercado, como anticorpos monoclonais, que integram o portfólio da Zoetis. Outro destaque da empresa que, segundo ela, faz frente aos estudos que mostram as doenças dermatológicas como as mais incidentes no universo dos cães, é o Apoquel, um marco na medicina veterinária para o tratamento bem-sucedido das dermatites alérgicas.
Vacinação é outro recurso importante para a prevenção de doenças, segundo Emilene. “Percebemos que cada vez mais os tutores se conscientizam da importância de manter suas carteirinhas em dia com um protocolo que proteja o seu melhor amigo”, afirma.

Setor




Mercado movimentado por carinho e amor
Estimativa é que faturamento tenha alcançado 40,1 bilhões em 2020

O mercado brasileiro de animais de estimação ocupa a terceira posição no ranking mundial em faturamento, atrás apenas de Estados Unidos e China. A informação é do Instituto Pet Brasil (IPB), que projeta movimentação de R$ 40,1 bilhões no ano passado, 13,5% mais do que o volume do no anterior. Os segmentos pet food (alimentação) e pet vet (veterinário) lideram a participação, com expansões de faturamento de 22,5% e 16%, respectivamente.
Destacam-se ainda, nesse cenário, as altas projetadas de 10,4% nos serviços gerais e de 12,1% na venda de animais direto do criador – segmentos que haviam apresentado queda no primeiro trimestre de 2020 e apresentaram recuperação consistente, interferindo positivamente na projeção geral.
Em relação à participação de cada segmento no mercado, pet food representa 50% das vendas, seguido pelo comércio de animais direto dos criadores (12,1%), pet vet (11,8%), serviços gerais (10,4%), serviços veterinários (10,3%) e pet care (cuidados) (5,6%). Outro dado relevante do setor, também do IPB, é a estimativa de faturamento, pelo segmento de e-commerce pet, de mais de R$ 1,6 bilhão em 2020, a julgar pela base de dados do primeiro semestre.
Entre os canais que adotam o modelo destacamse as lojas exclusivamente on-line que oferecem produtos e serviços pet para o consumidor final e pet shops de pequeno e médio portes, que, no decorrer da pandemia, investiram na criação de ferramentas de compras remotas para driblar a imposição de distanciamento social.


Expectativas são otimistas

O presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), José Edson Galvão de França, defende a “punjança” da indústria pet nacional citando que, no ano passado, seu faturamento superou os R$ 26 bilhões, sem levar em conta atividades de varejo e criação de animais. “Exportamos para todo o mundo, e existe uma grande demanda nacional por itens como pet food, acessórios e produtos veterinários”, reforça.
Ele lamenta, no entanto, o que considera ser ainda um gargalo do setor: a forte carga tributária a que está sujeito. “Se por um lado o pet é praticamente um membro da família, seus itens de necessidade básica são fortemente tributados – a exemplo de pet food. Ele representa 75% do faturamento de nossa indústria, e a cada R$ 1 pago pelo consumidor, mais de R$ 0,50 são impostos”, explica. acrescentando que, com alta do dólar, que impacta o preço das matériasprimas, a margem de lucro das empresas está cada vez mais estreita. “Após um ano tão desafiador como o de 2020, não há dúvida de que somos resilientes. O setor pet é parte da cadeia do agronegócio e importante para a economia nacional, mas os desafios são grandes.”


Apoio aos animais e seus tutores

Dados do Instituto Pet Brasil dão conta que, no fim de 2019, estavam em atuação no país cerca de 252 mil estabelecimentos, sendo que a cadeia de distribuição (pontos de vendas como pet shops, consultórios e clínicas veterinárias, agrolojas e varejo de alimentos) correspondia a 61,1% das companhias. O restante é integrado por indústrias (0,2%) e criadores (38,6%).
Nesse universo, o varejo especializado, ou seja, pet shops, somavam 32 mil unidades, a maior parte classificada na categoria loja de vizinhança (79,6%), que se caracteriza por apresentar faturamento médio de R$ 60 mil a R$ 100 mil, manter até quatro funcionários e oferecer cerca de 30% de cobertura do mix de produtos.
Se esses números já são relevantes para mostrar a capacidade do setor de impulsionar a economia, há ainda outros ganhos a serem adicionados.
Segundo informação do portal do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), atualizada em novembro passado, há no Brasil 124.253 profissionais registrados, dos quais 33,6 mil atuam no Estado de São Paulo. Além disso, em 2018 estavam registrados no Ministério da Educação 351 cursos de Medicina Veterinária.
A participação da indústria de medicamentos veterinários na movimentação de recursos também é relevante. Segundo Juliene Basso, gerente de produtos da Zoetis, ela tem impulsionado o segmento e levado a classe veterinária a evoluir significativamente. Entre as áreas de maior relevância, segundo a executiva, está a de dermatologia.
“A demanda por atendimentos dermatológicos vem aumentando de maneira considerável nos últimos anos. Uma pesquisa realizada pela Zoetis em 2016 apontou que 40% dos atendimentos da clínica são dermatológicos, e desses, cerca de 60% apresentam coceira”, afirma, argumentando que os problemas acabam sendo percebidos e reconhecidos pelos tutores com mais facilidade do que outros sintomas devido à exposição da pele e dos pelos.
Para controlar o prurido associado a doenças alérgicas, 124.253 Número de veterinários no Brasil Juliene aponta o que considera ser um produto-chave na dematologia brasileira, o Apoquel, que, segundo ela, alcançou a marca de mais de 500 mil cães tratados até 2020 e contribuiu para levar a Zoetis a um crescimento de 12% no ano, em relação a 2019.

Cuidados




Alimentação é aliada da saúde
Veterinários podem orientar sobre o melhor tipo de ração

Quem tem animal de estimação nem sempre resiste aos olhares suplicantes que eles adotam diante de um bife ou sorvete. No entanto, ceder, sob a alegação de que “só um pouquinho não fará mal”, é um erro. Além do risco de, com o tempo, eles passarem a recusar ração, muito alimentos aparentemente inofensivos são tóxicos para os animais, como chocolate e uva.
O ideal é sempre alimentálos à base de ração, escolhida de acordo com a espécie e fase de vida. Filhotes, por exemplo, têm necessidades diferentes de um animal adulto, idoso, gestante, obeso ou atleta. É sempre recomendável consultar um veterinário para que indique a alimentação mais adequada, assim como a frequência e quantidade a ser administrada. Em geral, cães adultos devem comer de duas a três vezes por dia nos mesmos horários. Já para os gatos, como costumam se alimentar com mais frequência, a ração deve ficar sempre disponível, porém ser trocada ao menos duas vezes por dia para evitar contaminação. Também principalmente aos gatos, são indicadas rações úmidas, em forma de patê, que ajudam na hidratação. E, muito importante: as vasilhas de água e comida devem estar sempre limpas, e a água ser constantemente trocada.
Alguns alimentos podem complementar a dieta, como espécies de frutas, verduras e legumes – a exemplo de cenoura, espinafre e maçãs. No entanto, devem ser oferecidas em pequenas quantidades e limpas, frescas e sem sementes. Quanto aos petiscos, muito apreciados pelos pets, podem ser ofertados desde que suas calorias não ultrapassem 10% das calorias diárias necessárias ao animal.


Posse responsável

Ter animais de estimação exige comprometimento: eles demandam cuidados, despesas, tempo e disposição. Por isso, antes de comprar ou adotar, é preciso estar convencido de que os benefícios superam o trabalho de cuidar deles. Outra consideração é quanto à espécie mais adequada ao perfil e modo de vida do tutor: se viaja frequentemente, um gato pode ser mais adequado que um cachorro; se é ansioso, um aquário de peixes pode ajudar a relaxar; se aprecia lidar com terra e plantas, um viveiro de pássaros é capaz de dar vida ao jardim. Definidos esses aspectos, é possível tanto comprar quando adotar. Grandes redes, como Cobasi, Petz, PetLove (on-line) e Petland dispõem de animais para venda – cães, gatos, peixes, pássaros, roedores e répteis. Antes de visitar uma unidade, o ideal é pesquisar no site as espécies disponíveis, assim como a raças. Se o desejo não for por um animal ou espécie muito específica, outro caminho é a adoção, por meio de uma das muitas organizações dedicadas a acolher e cuidar de pets abandonados, resgatados ou vítimas de maus-tratos até que encontrem um tutor disposto a levá-los para casa. Confira algumas delas e acesse o site para conhecer o trabalho e as condições para a adoção:

União Internacional Protetora dos Animais (Uipa): www.uipa.org.br
Amigos de São Francisco: www.amigosdesaofrancisco.com.br
Ampara Animal: www.amparanimal.org.br
Amor de Bicho: www.amordebicho.org.br
Adote um Gatinho: www.adoteumgatinho.com.br
Arca Brasil: www.arcabrasil.org.br
Clube dos Vira-Latas: www.clubedosviralatas.org.br
Anjos dos Bichos: www.anjosdosbichos.com.br



Proteção




Segurança a animais, tutores e terceiros
Apólices de seguro e planos de saúde cobrem até despesas decorrentes de responsabilidade civil

O cada vez mais diversificado mercado segurador oferece produtos que tanto podem proteger um animal de estimação – com coberturas de despesas médicas e com medicamentos, indenização por morte acidental e desaparecimento e até despesas com funerais e cremação – como contemplar responsabilidade civil, que reembolsa o tutor caso tenha de arcar com custos referentes a danos materiais na propriedade de terceiros, morte ou danos a terceiros, morte ou danos corporais a outros animais domésticos.
Para conhecer as diferenças em coberturas e preços e selecionar os produtos com a melhor relação custo/benefício, basta fazer uma pesquisa na internet e identificar as empresas que dispõem do serviço. Também é recomendável, antes de optar por uma delas, consultar o site da Superintendência de Seguros Privados para se certificar de que está autorizada a operar.
Também sob a lógica de que prevenir é melhor – e mais barato – que remediar, há planos de saúde disponíveis a animais, com diferentes coberturas e preços. A Porto Seguro é uma das empresas que oferecem o produto para cães e gatos, o Health For Pet, em três versões: Ambulatorial, Essencial e Completo, com preços que variam de acordo com a cobertura, o prazo de carências e a idade do beneficiado.
Outra empresa dedicada à proteção de cães e gatos é a Dr. Pet, que mantém quatro modalidades de planos: Ambulatorial, Esmeralda, Rubi e Diamante, segundo informação disponível no site da companhia. Também pelo portal é possível consultar as coberturas de cada plano e acessar, via WhatsApp, um especialista para sanar dúvidas.


Como denunciar maus-tratos

O artigo 32 da chamada Lei de Crimes Ambientais (no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998) tipifica os atos de abusar, maltratar, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, e estabelece pena de detenção de três meses a um ano, além de multa, para seus autores. Para estimular as denúncias dessas práticas, o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) divulga as formas de fazer isso:

- Delegacia de Polícia -

É preciso registrar Boletim de Ocorrência, o que também pode ser feito eletronicamente. Alguns estados e municípios mantêm delegacias especializadas em meio ambiente ou defesa animal.
A autoridade policial tem o dever de instaurar inquérito. Em caso de recusa, e preciso procurar o Ministério Público para comunicar o fato.


- Ministério Público -

O órgão tem autoridade para propor ação aos que desrespeitam a Lei de Crimes Ambientais – razão pela qual as denúncias podem ser feitas diretamente pelo site do MP Federal (www.mpf.mp.br) ou dos sites dos ministérios estaduais.


- Ibama -

É possível denunciar gratuitamente pelo telefone 0800 61 8080, e-mail linhaverde.sede@ibama.gov.br, site www.ibama.gov.br/denuncias ou presencialmente, buscando a unidade mais própria em www.ibama.gov.br/institucional/unidades-do-ibama.


- Secretarias de Meio Ambiente -

Também podem ser acionadas, tanto as estaduais quanto municipais.

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