Com 106,2 milhões de pets – cães, gatos, peixes ornamentais, aves canoras e ornamentais, pequenos mamíferos e répteis –, o Brasil é o quarto maior país do mundo em número de animais.Se forem considerados apenas cães e gatos, salta para a segunda colocação e perde apenas para os Estados Unidos. O presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet) usa esses dados para concluir que, tomando por base a população nacional, de 199 milhões de habitantes em 2012, segundo o IBGE, existe praticamente um animal de estimação para cada duas pessoas. “Mas como o crescimento dos pets é constante, e nossa população amplia mais vagarosamente, essa relação pet/ser humano deve se tornar maior”, alerta. A julgar pela capital paulista, isso nem vai demorar tanto. De acordo com Censo Animal produzido pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo, a população humana de paulistanos poderá ser superada pela canina em 2030.
CrescimentoEntre as razões dessa expansão, segundo entendimento da Abinpet, está o reconhecimento dos benefícios da interação entre animais e seres humanos para a saúde de ambos – motivo de diversos estudos, especialmente nos Estados Unidos. Algumas pesquisas comprovam que a convivência é capaz de ampliar a autoestima das pessoas, reduzir problemas cardíacos e auxiliar a família na diminuição do estresse. Um dos levantamentos constatou que as que têm animais de estimação gastam menos com remédios. A Abinpet menciona ainda a Terapia Assistida por Animais, cujos casos mais conhecidos envolvem idosos e crianças com paralisia cerebral, autismo ou hiperatividade. As visitas de cães e gatos provocam melhoras sociais, emocionais, físicas e cognitivas em pacientes em tratamento. O simples ato de acariciar um animal já ajuda a relaxar. Para fomentar pesquisas nesse sentido no Brasil, a Abinpet criou o Grupo de Estudos Interação Humano e Animal.
Além de gastos com internações e medicamentos, quem tem animal de estimação não está livre de amargar despesas caso ele se envolva em confusão que resulte em feridos – humanos ou outro animal – ou danos à propriedade. Para o caso de o dono ter de arcar com custos inesperados, algumas empresas do mercado segurador já comercializam apólice dedicada à cobertura desses riscos e de morte acidental de cães e gatos de estimação. Além de indenização, o seguro garante o ressarcimento de serviços emergenciais e despesas com funeral e/ou cremação. Para manter o bichinho sempre saudável, também há soluções econômicas, como planos de saúde animal, em que, por meio de parcelas mensais, são asseguradas anualmente determinadas quantidades de exames, consultas, vacinas e até tratamento dentário. Deixar o pet sozinho em casa e viajar preocupado também não é mais um problema. Especialmente nas grandes cidades há hoteizinhos especializados em cuidar de cães, gatos e outros pequenos animais. Algumas clínicas veterinárias aceitam hospedar bichinhos que são velhos clientes. Há ainda empresas especializadas em cuidar de todos os trâmites após a morte do animal. Em geral, elas fazem a remoção do cão ou gato de residências e clínicas veterinárias até os crematórios municipais. Mas os donos podem optar também pelo enterro. Nesse caso, há cemitérios apropriados que incluem nos serviços sala de velório, venda de flores e velas e até espaços apropriados para celebrações religiosas.
No fim de 2013, o mercado nacional de pets registrou faturamento de R$ 15,2 bilhões, 7,0% mais do que no exercício anterior, e posicionou o Brasil na segunda posição mundial, atrás apenas dos Estados Unidos. Segundo previsão da Abinpet, o valor em 2014 – ainda não fechado – deverá bater a marca de R$ 16,5 milhões, o que representa cerca de 0,34% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, superando o segmento de geladeiras e freezers, componentes eletroeletrônicos e automação industrial. Esse resultado significa 7,3% do faturamento global estimado para o setor em 2014, que é de US$ 98,4 milhões. No cenário nacional, as vendas de alimentos (pet foods) lideram entre as fontes de receitas, com participação de 65,7% do faturamento em 2013. Em seguida estão serviços (pet service), com 19,0% – a modalidade que mais cresceu em relação ao ano anterior, 26% –, cuidados (pet care), com 8,1%, e medicamentos (pet vet), com 7,2%. As exportações têm acompanhado a evolução e em 2013 movimentaram US$ 231 milhões, enquanto as importações somaram US$ 10 milhões.
O mercado pet movimenta a economia por diversas vias. Levantamento da Abinpet revela a existência de 2.590 pet shops somente na cidade de São Paulo, divididos nos segmentos de alojamento, higiene e embelezamento de animais; comércio varejista de animais vivos e alimentos para animais de estimação; medicamentos veterinários; e comércio de outros produtos. Somados às clínicas veterinárias que oferecem banho e tosa, os pet shops respondem pela circulação anual de R$ 34,5 milhões na capital. Em todo o País, o número de unidades chega a 33.480, e o de atacados e distribuidores, a 6.875. Há ainda 640 canis, 358 gatis e mais de 6.500 criadouros de aves, répteis e outros animais, ultrapassando a casa de 482 mil empresas especializadas na criação de pets.
Não são apenas cães e gatos os animais capazes de fazer um humano passear de madrugada pelo bairro puxando a coleira ou ficar horas brincando com bolinhas. Os de pequeno porte, como aves, peixes, lagartos, furões, coelhos em miniatura e porquinhos da índia, por exemplo, têm conquistado as pessoas que, especialmente nas grandes cidades, habitam espaços reduzidos e têm pouco tempo para se dedicar aos cuidados necessários com os bichinhos. Foi essa a razão que levou a estudante de Medicina Laís Guidugli a adquirir um porquinho da índia – aliás, uma fêmea, chamada Asgard. Laís foi criada entre cães e gatos, que são a paixão de sua mãe, e quando saiu de casa para morar em Botucatu (SP), onde estuda, sentiu tanta falta de contato com um animalzinho e adotou, primeiro, um camundongo. Dois anos mais tarde, com a morte do pequeno animal, a estudante comprou Asgard, que começou a engordar súbita e exageradamente logo que chegou à nova casa. Laís então a levou ao veterinário e descobriu que ela estava prenhe. Asgard deu à luz um porquinho minúsculo, que foi doado a uma amiga da estudante. Não demorou muito, no entanto, para que Laís decidisse aumentar a prole e aceitasse como presente uma outra porquinha da índia, Dot. Ela conheceu Asgard e, para alívio da dona, gostou dela.
A decisão de dividir parte da vida com um animal de estimação deve resultar de ampla reflexão e muita conversa com os familiares. Isso porque a relação do pet com o homem dependerá, e muito, das condições oferecidas pelo humano. O primeiro passo é pensar nas características inerentes do grupo familiar e dos animais. Mesmo entre os mais comuns, gatos e cães, há grandes diferenças. A professora do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP, Denise Schwartz, esclarece que gatos são mais independentes, usam caixa de areia para fazer suas necessidades e, geralmente, são mais temperamentais. Já cães precisam de atenção maior, com passeios e cuidados com higiene (banhos). “A escolha entre ter um cão ou um gato depende, pelo menos, de dois fatores: disponibilidade (cães exigem mais tempo e companhia do que gatos) e identificação (preferência pela espécie)”, diz a docente. Além disso, especialmente entre os cães, há raças com tendências a determinadas características, embora o temperamento individual deva ser considerado. A professora Denise e a adestradora e consultora comportamental da Cão Cidadão, Cássia Rabelo Cardoso dos Santos, relacionam raças que tendem a ser mais adequadas para determinadas situações, pessoas ou famílias.
É indiscutível que cães e gatos são os bichos de estimação mais comuns. Contudo, o universo dos pets vai muito além, com animais para todos os tipos de pessoas e situações. Mais conhecido nos Estados Unidos e em alguns países da Europa, o hedgehog, ou ouriço pigmeu africano, é bastante resistente a doenças, de fácil manutenção e bem pequeno. Possui hábitos noturnos e, por isso, é indicado para quem passa o dia todo fora de casa. Não são, contudo, muito dóceis, mas podem se acostumar com o cheiro dos donos, quando corretamente sociabilizados.
Mais conhecidos que os hedgehogs, os pássaros também conquistam o coração de muitos. A calopsita, por exemplo, por sua docilidade e afabilidade – elas podem se apegar muito aos seus donos – são uma boa opção. São ainda aves interativas e adaptáveis e, por isso, convivem
bem com outras espécies. E não são apenas os animais de “bela aparência” que podem residir com humanos, Répteis, por exemplo, são a escolha de muitos admiradores de pets.
Crianças: Segundo Denise, são apropriadas raças não agressivas, mas resistentes. “Porém, depende da idade da criança, pois as pequenas podem machucar cães de menor porte ou filhotes, porque não têm noção de força. Já crianças acima de 9 e 10 anos, por exemplo, tem mais noção do que pode machucar e, em geral, querem ajudar a cuidar. O beagle é um exemplo de raça que pode ser adequada para crianças: é agitado, mas de um tamanho que pode viver em apartamento, se for levado para se exercitar”. Cássia também ressalta que o
tamanho não é o diferencial nesse caso. “Às vezes, um cão pequeno pode ser mais frágil, e ficar mais reativo com crianças, por não aguentar o pique delas. Raças que costumam ser bem tolerantes e aguentam o ritmo são labrador, golden e, entre os pequenos, o buldogue francês, de menor porte, mas robusto”.
Espaços menores: Para a consultora comportamental, o mais importante é o perfil do indivíduo e da família, e não
o espaço da residência. “Se a pessoa mora em um pequeno apartamento, mas é bem ativa, pode ter um labrador ou um golden que os acompanhe nas atividades”. Ela lembra, contudo, que se o espaço for realmente muito pequeno, o ideal é um cão de porte menor. Nesse caso, para uma pessoa ativa, pode ser um jack russel, que é menor, mas tem muita energia. No caso de apartamentos ou casas muito próximas, o latido
também pode ser problema. Cássia diz que alguns cães tendem a latir mais, como os terriers. “O yorkshire terrier, que as pessoas gostam muito porque é bem pequeno, é um caçador e tende a latir mais. O schnauzer também vocaliza bastante, era uma raça usada para caçar texugos. Geralmente os cães que foram selecionados e criados para caçar tendem a latir um pouco mais”, informa a adestradora.
Idosos: “Para eles, as raças devem ser mais calmas e não necessitar de muitos cuidados, como o dachshund (o “salsicha”)”, sugere Denise. A docente lembra ainda que gatos, por serem independentes e de cuidado mais fácil, podem ser boa opção. “Mas deve-se ter em mente que idosos possuem a pele mais fina e frágil e, portanto, devem evitar cães agitados ou gatos mais ariscos. Pessoas
com problemas articulares devem ainda evitar sair com cães de grande porte, pois fica mais difícil o controle em passeios”, diz a professora. Cássia fornece dicas: “Se é uma família mais tranquila ou com idosos que não tem tanto pique para sair, o shihtzu é indicado porque não tem tanta energia. E há também os lhasas, que são raças menores e mais tranquilas, companheiras de preguiça”, brinca a adestradora.
Inibidores de assalto: Pessoas que moram ou trabalham em casas ou locais afastados, por exemplo, muitas vezes optam por manter um cão como forma de inibir a entrada de estranhos. Nesses casos, a escolha pode ser por raças que naturalmente são mais territorialistas, como dobermanns e rottweilers. “Mas essa questão é hoje muito polêmica, porque tem gente que acha que para criar um cão que iniba um assalto, o animal tem que ficar na corrente, ter raiva de gente. Qualquer raça criada desse jeito vai ter problemas e distúrbio de comportamento”, afirma Cássia. Segundo ela, rottweilers podem ser excelentes companheiros e possuir naturalmente instinto de guarda territorial bem forte, sem nenhum perigo para os donos. Já Denise ressalta que cães de guarda não são os mais indicados para crianças e idosos, pela força e, muitas vezes, pelo temperamento mais agressivo.
Independentemente da raça – incluídos os sem raça definida, os populares vira-latas –, qualquer cachorro pode ser educado. “Obviamente o cérebro do filhote é uma esponja, muito mais propícia a aprendizados. Mas um cão adulto, mesmo que tenha tido experiências anteriores de maus-tratos, pode mudar de comportamento com adestramento”, diz a consultora e adestradora da Cão Cidadão, Cássia Rabelo Cardoso dos Santos. Segundo ela, “o ideal é usar uma técnica que respeite a característica dos cães e não imponha liderança com base em mais medo”.
O reforço positivo é o melhor caminho. Ele consiste em recompensar uma atitude correta com carinho, petisco ou brincadeiras. “Devem ser recompensados com mais frequência os comportamentos que os donos querem que os cães tenham, e com aquilo que eles desejam no momento. Deve-se trabalhar com motivação”, ensina Cássia. Ela informa que o segredo do reforço positivo é a pessoa que está treinando descobrir o que motiva o cachorro. Se o animal é sociável com pessoas, o carinho pode ser uma recompensa bem legal. Mas se é um cão mais reservado, independente e que gosta de brincar, uma bolinha é mais adequada. E os petiscos são indicados, pois cães saudáveis têm bom apetite.
Outro foco de atenção deve ser a busca por um veterinário de confiança, que possa orientar quanto à alimentação, à vacinação e a, eventualmente, um problema de saúde. Em relação ao comportamento, os fatores mais importantes para uma convivência saudável são a sociabilização, o enriquecimento ambiental e a prática de atividades físicas. A sociabilização com pessoas, cães e até outros animais deve ser estimulada sempre, desde que são filhotes. “Enriquecimento ambiental é essencial, principalmente nas grandes cidades, onde as pessoas têm menos tempo e trabalham muito. É proporcionar atividades que o cachorro possa fazer sozinho, ou seja, brinquedos com que ele interaja sem precisar necessariamente do ser humano. Mas devem ser atividades que respeitem as características dele como cachorro”, diz Cássia. Ela dá como dicas brinquedos que estimulem o farejar e o comer, assim como os que exercitam a mente do animal, como quebra-cabeças. “Enriquecimento ambiental é muito importante para os cães serem mentalmente sãos, eles têm que ter o que fazer, igual as pessoas”.
Por fim, é preciso garantir que os animais de estimação pratiquem atividade física. “Os cães têm de encontrar outros cachorros, sentir o cheiro deles nas moitas e ruas. Garantindo isso e proporcionando enriquecimento ambiental, é possível ter um companheiro nota dez, que provavelmente não terá problemas de comportamento, pois suas características como cachorro estão sendo respeitadas”, afirma Cássia.
A causa pelos direitos dos animais ganha cada vez mais força, com grupos organizados para o acolhimento de pets abandonados ou em situação de maus-tratos. Marli Scaramella, presidente da Associação Bem Estar Animal – Amigos da Célia (Abeac) é um deles. A Abeac foi fundada em 2003 para assumir os animais da protetora Célia Sciumbata, que faleceu deixando 300 cães órfãos. Atualmente, segundo Marli, já são mais de 1.200 sob a guarda da associação, sediada em Caucaia do Alto(SP). Um dos diferenciais da Abeac é o compromisso com a adoção responsável. “Só doamos animais castrados, vacinados e vermifugados. Não doamos para menores de 21 anos e pessoas que desejam um cão para guarda. Temos um questionário bem rígido”, diz. Após a verificação inicial, é a própria Marli, ou um voluntário, que aprova ou não o candidato à adotante. Posteriormente, é realizada entrevista por telefone. Passado esse processo, o cão é entregue por alguém da Abeac pois, até o último momento, a doação pode ser cancelada. “Depois ainda acompanhamos por um período, damos assistência. Somente 3 meses após a entrega, se não houver problemas, é que a adoção é concluída. É o nosso final feliz”, comemora Marli. A associação não possui ajuda governamental e depende da doação de padrinhos e do auxílio de voluntários. Cada cão custa mensalmente cerca de R$ 120,00 e, no total, são consumidas cerca de 16 toneladas de ração/mês. A Abeac é participante da campanha Max em Ação. Para cada quilo de ração doada, a Max entrega mais 500 gramas.
ONGs e protetores de animaisÉ grande o número de pessoas e entidades que atuam no resgate e cuidado de animais em todo o Brasil. Contudo, antes de realizar doações, é importante verificar a idoneidade e condição em que os animais estão sendo cuidados. Isso porque, mesmo com a melhor das intenções, alguns acabam recolhendo animais das ruas, mas, sem dinheiro ou espaço, acabam deixando os pets em locais inapropriados ou sem apoio de um veterinário, por exemplo. Assim, o ideal é buscar referências e visitar os locais para avaliar caso a caso. Quem não pode, ou não deseja, contribuir financeiramente, também pode ajudar. Diversas ONGs e protetores sérios aceitam e precisam das mais diversas colaborações voluntárias. Vale desde abrir a casa como lar temporário para um pet até auxiliar com a limpeza de canis e gatis.
Para grande parte dos que têm animais de estimação, é um tormento deixá-los sozinhos em casa, ainda mais por longos períodos. Os pets já fazem parte da família para muitos e, por isso, estão cada vez mais integrados à rotina e às atividades de lazer dos humanos. Por isso, estabelecimentos de diferentes portes e setores abrem suas portas para receber a clientela e seus amigos de estimação para momentos de entretenimento, compras e gastronomia.
É o caso de shoppings centers de todo o País que, ao permitirem o ingresso de animais, tornam fiéis os visitantes que, mais do que a companhia de seus bichos, ganham o direito de transitar com segurança e conforto em um espaço fechado e climatizado. Não é raro que esses centros de compras abriguem pet shops para oferta de serviços de banho e tosa, além de compra de mimos.
Em São Paulo, já é expressivo o número de shoppings que permite a entrada de animais de estimação, com diferentes condições. O ideal é que o dono se certifique antes das exigências para evitar mal-entendidos. No Shopping Pateo Higienópolis, são muito bem-vindos peludos de pequeno, médio e grande portes, desde que usem coleira e focinheira – quando necessário. Para a comodidade dos proprietários e também dos pets, em uma das entradas laterais há o Dog’s Bar, um bebedouro para animais acionado por dispositivo no chão. Caso o bichinho faça sujeira nos corredores, basta acionar um dos funcionários da manutenção, que cuidam da limpeza e higiene do local com rapidez. Há ainda cartazes e banners informativos espalhados pelos diferentes pisos, com dicas como segurança nas escadas rolantes.
A entrada de pets é permitida também nos shoppings paulistanos Center Norte – até médio porte, no colo, com exceção da área de entretenimento e de alimentação; Villa-Lobos – com coleira e sem acesso ao local dos restaurantes; Center 3 e Eldorado, entre outros.
O Rio de Janeiro não fica atrás. O Barra Shopping é um dos que permitem animais de estimação, porém de pequeno porte e no colo. Já o Rio Design Leblon não só permite a circulação de cachorros, mas os considera convidados e incentiva que, ao passear com eles pelo local, os donos tirem fotos e postem na rede social do estabelecimento. A circulação é restrita apenas nas dependências dos restaurantes.
O shopping Rio Design Barra também é um amigo dos pets. A entrada de cães de pequeno e médio portes é permitida, com exceção nos setores de alimentação. Além disso, o empreendimento possui pet shop na área de conveniência e disponibiliza carrinhos – os pet cars – para o conforto dos animais durante o passeio. O serviço exclusivo é encontrado no concierge.
No Shopping Cidade Jardim, na zona sul de São Paulo, os peludos de estimação podem acompanhar os humanos também na hora das refeições, no restaurante Rive Gauche. O local possui mesas num jardim, onde pets podem ficar à vontade. Os bichinhos também são mais do que bem recebidos na área externa do Bra.do Restaurante, em Pinheiros, em São Paulo. Além da companhia de seus donos, os pets ganham potinho com água e petiscos de bifinho.
Ainda na capital, no Jardim Paulista, o Farfalla, restaurante de comida franco-italiana, é espaço ideal para quem não abre mão de passar bons momentos com os animaizinhos de estimação. Há 20 anos, a proprietária, Alice Maria Dutra, recebe com carinho os pets e oferece a eles água filtrada e um carpaccio com carne bem fininha, sem tempero, para não fazer mal. “Eu tenho quatro cachorros maravilhosos e amo cães desde criança”, se derrete. “Já recebi em um domingo, no almoço, seis cachorros. Aí tem a maior troca de ideias, os donos falam de veterinário, de onde tosam os cãezinhos. É animado. Quem gosta de cachorro é gente do bem”, acredita. A predominância é dos cães – Alice conta nunca ter recebido um gato –, mas outros animais já visitaram o espaço, como um furão e uma cobra amarela. “A cobra era bem mansinha e linda. Era de um criador de bichos exóticos e veio enrolada no pescoço do rapaz”, diz.
A única exigência de Alice é que os animais sejam educados. O que vale é a lei do bom-senso – no caso, bom-senso dos humanos. “Não dá para o cão ficar latindo, e há alguns que latem mais que os outros. É ideal também dar uma volta no quarteirão antes de entrar no restaurante, para os animais fazerem todos os xixis que quiserem. É isso: os cachorros devem ser comportadíssimos”, resume.
Outros locais amigos dos pets em São Paulo são o Zena Caffe, localizado no coração do Jardins, e o Bar e Armazém Cambuci, no bairro de mesmo nome. Os donos de animais de estimação também podem andar com seus pets nos ônibus da cidade. O projeto foi sancionado pelo prefeito Fernando Haddad no último dia 11. Com a sanção, fica permitido o transporte de animais vacinados, não considerados ferozes ou peçonhentos, de até 10 quilos e dentro de caixas especiais.
Já no Rio de Janeiro, as opções de passeio gastronômico com os animais de estimação incluem, entre muitos outros, o Joaquina Bar e Restaurante, que aceita a permanência na área externa e oferece água filtrada, biscoitinho balanceado e até mesmo ração; o Santa Satisfação, em Copacabana; e o Harad, de comida árabe, no Botafogo.
Um dos maiores problemas dos amantes dos pets é a convivência com vizinhos – seja pela intolerância, seja porque os animais têm desvios de comportamento –, especialmente em prédios com grande número de apartamentos. Alguns edifícios, inclusive, tentam proibir moradores de terem animais, o que contraria a legislação, com exceção de casos em que os bichos representem ameaças aos demais moradores. Assim, cabe à administração determinar as regras, principalmente de utilização dos espaços sociais. As principais queixas costumam se referir ao barulho de latidos, ao mau cheiro e à sujeira causada por fezes ou urinas. Ou seja, pela falta de cuidados dos proprietários.
Para não ter problemas, os donos devem:
Pesquisas sobre os efeitos terapêuticos da relação entre seres humanos e animais de estimação começaram nos Estados Unidos em meados de 1960, quando foram evidenciados os ganhos da vida em conjunto.
Segundo Denise Schwartz, professora do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (USP), a interação entre homem e animal comprovadamente traz benefícios físicos e psicológicos. “O exercício físico em função de passeios pode auxiliar na melhora e manutenção da saúde. Há, por exemplo, melhora da depressão, redução da pressão arterial e controle da dor”, afirma.
Por sua relevância, o assunto também motivou a criação, na Associação Brasileira da Indústria para Animais de Estimação (Abinpet), do Grupo de Estudos Interação Humano e Animal, com vistas a fomentar pesquisas que demonstrem a importância dos pets na qualidade de vida das pessoas. Segundo a Abinpet, a convivência é capaz de contribuir com a autoestima, diminuir problemas do coração, auxiliar a família na diminuição do estresse e, principalmente, melhorar a interação social. Já o instituto de pesquisa WALTHAM, líder em bem-estar e nutrição de pets, desenvolveu estudo focado no papel que um passeio com um cão pode desempenhar na melhora da função física em idosos. Foram testados em três grupos a eficácia de um programa de caminhada de 12 semanas, 5 dias por semana, para idosos com idade superior a 65 anos, que vivem em asilos. Participaram 54 idosos, divididos em três grupos de passeio: com um cachorro; com outro humano e um grupo controle. O de passeio com o cachorro aumentou a função física em 28%; o com o companheiro humano, 4%; e o grupo controle, 6%.
E não é só a interação com cães que pode beneficiar os humanos. Animais como cobras, lagartos e até jacarés estão sendo utilizados para auxiliar pessoas com diferentes transtornos e deficiências. Por meio da formação de vínculos entre pacientes e animais, são trabalhos a autoconfiança e a coordenação motora, por exemplo.
A nutrição adequada é fundamental à qualidade de vida e à longevidade dos animais. Para assegurá-la, as empresas fabricantes de alimentos investem pesado no desenvolvimento de formulações que atendam às necessidades e características dos pets e sejam, ao mesmo tempo, atrativas para eles.
A Hill’s Pet Nutrition, que comercializa as marcas Prescription Diet™ e Science Diet™, defende as vantagens dos alimentos industrializados em detrimento da dieta caseira justamente em razão de aspectos relacionados à nutrição e à segurança. De acordo com a empresa, os alimentos industrializados são balanceados e com qualidade nutricional reconhecida, enquanto a dieta caseira exige grande variedade de alimentos para suprir as necessidades diárias dos animais. Na questão da segurança, o alerta é o risco de intoxicação e outras doenças que podem ser provocadas pela ingestão de produtos com validade vencida ou acondicionados de forma inadequada.
Os consumidores de produtos para pets têm ampliado a consciência também em relação à adequação da dieta a cada perfil de animal: sedentários, com problemas renais ou cardíacos, filhotes, idosos, etc. Outro crescimento relevante recente é da demanda por produtos destinados aos felinos. Lidia Mota, gerente de Marketing para a América Latina da Hill’s Pet Nutrition, confirma a tendência. Tanto que esse é um dos focos da empresa na diversificação de seu portfólio, composto por duas linhas: Science Diet, alimentação de manutenção da saúde para animais saudáveis, e Prescription Diet, alimentação coadjuvante a tratamentos medicamentosos.
Na linha de felinos, as duas últimas inovações de Hill’s Science Diet foram Gatos Castrados, com fórmula que ajuda a evitar o ganho de peso; e Hairball Control, com fibras prébioticas que auxiliam na eliminação de pelos ingeridos. Além disso, a marca também expandiu a linha para embalagens maiores, buscando atender consumidores que têm mais de um gato. “O grande diferencial de nossa empresa é o foco na nutrição balanceada com base em evidências clínicas, ajudando a transformar as vidas de milhares de cães e gatos em todo o mundo”, diz Lídia, acrescentando que a Hill’s busca sempre trabalhar em conjunto com os veterinários, reforçando a importância de uma correta recomendação nutricional.
A Lupus Alimentos, que fabrica e comercializa 30 marcas de ração para cães e gatos, também investe continuamente para se diferenciar em formulações que conferem mais digestibilidade e palatilidade aos animais. Para isso, segundo o gerente de Marketing, Antenor Romanini, a empresa mantém departamento técnico que está em contato frequente com criadores e universidades, com os quais a Lupus mantém parceria. “O mercado adota elevado padrão de qualidade em alimentação animal”, reforça o executivo. Com quatro unidades produtoras para pets, a Lupus tem entre suas linhas a BIGPET, com rações secas e úmidas para filhotes e adultos em diversos sabores, além de bifinhos, ofertados como aperitivos.
Os cuidados para que os animais alimentados com seus produtos recebam nutrição saudável e balanceada cercam também a Special Dog, empresa que mantém linha de alimentos para cães e gatos, comercializada sob as marcas Special Dog e Special Cat. Em laboratórios próprios, os profissionais analisam toda a matéria-prima a ser utilizada nas formulações, assim como os produtos acabados, composto por ingredientes selecionados e elaborados de acordo com os mais rigorosos controles de qualidade. Além dessa rotina, são feitas por amostragem, em laboratórios terceirizados, análises periódicas para confrontar e certificar os resultados obtidos. “Adotamos rigoroso controle de qualidade em todas as etapas do processo produtivo”, diz o gerente técnico da Special Dog, João Paulo Figueira. A linha Special Dog é apresentada ao mercado em diferentes sabores e especificações de público de consumo (filhotes, raças pequenas, etc.) e a Special Cat está disponível em três versões, todas com ômegas 3 e 6, taurina e proteína. A empresa atua na categoria de alimentos completos, nas linhas premium e superpremium.
Outra empresa que traz novidades é a Mars, uma das maiores do mundo em alimentos e líder absoluta na divisão Petcare do Brasil. Detentora de marcas como Whiskas® e Pedigree®, a divisão pet food da companhia ganhou o reforço de Whiskas® Jelly®, produto que além de oferecer todos os benefícios nutricionais de que os gatos precisam, tem textura inovadora, similar à de gelatina; DentaStix® Pedigree®, um petisco de sucesso mundial no cuidado oral para cães; e Pedigree® Equilíbrio Natural, que ajuda a equilibrar o organismo dos cães. A Mars é uma das poucas empresas de alimento animal que tem em seu portfólio produtos completos para todas as idades, fases e momentos da vida dos pets.
Além de melhores amigos dos humanos, os animais podem atuar como verdadeiros profissionais em diversas áreas, a exemplo das parcerias com bombeiros, policiais, terapeutas e, ainda, como guias para pessoas com deficiência visual.
Os cães bombeiros e policiais, com faros
bastante aguçados, auxiliam em resgates, localizando feridos em soterramentos e desabamentos, assim como pessoas perdidas em áreas de difícil acesso, como florestas. Para isso, passam por treinamentos para se adaptarem às condições de trabalho e desenvolver as características necessárias para cada função.
Já a atuação dos animais como guias é fundamental para proporcionar liberdade e autonomia, além de equilíbrio físico e emocional a pessoas com deficiência visual. No Brasil, essa população (incluindo os que possuem baixa visão) é de cerca de 5,4 milhões de pessoas, segundo dados do Conselho Brasileiro de Oftalmologia. Nesse cenário, é cada vez mais importante a conscientização sobre a importância dos cães-guias, trabalho realizado por meio de projetos como o Cão-Guia Brasil (www.caoguiabrasil.com.br).
Ele tem como objetivos treinar cães para o trabalho de guiar e formar novos treinadores e instrutores para capacitar os animais para essa função. Adicionalmente, com o auxílio financeiro de patrocinadores, o projeto inclui o treinamento de cães-guia para doação a pessoas com deficiência visual.
O mercado de produtos para pets não para de inovar. Um dos recentes lançamentos é a máquina para lavar roupas de animais, indicada aos que buscam praticidade. Outro é o saquinho para envolver a caixa de areia dos felinos, o que elimina a tarefa de recolher os resíduos com o rastelo para descartá-los. “Há novidade o tempo todo e em todas as áreas”, testemunha a veterinária Keane Tavares, da Petz – nova denominação da Pet Center Marginal, rede que vive uma fase de expansão, com 28 lojas em 13 cidades brasileiras.
Na parte de brinquedos, segundo a profissional, as inovações são as peças que estimulam a interatividade e ajudam a distrair os animais, em geral acostumados a passar muito tempo sozinhos, entediados. É cada vez mais comum a oferta de peças atóxicas e à prova d’água, específicas para diferentes portes e raças. Os acessórios também são mais interativos, segundo Keane.
Na área alimentar, a veterinária Keane Tavares diz que o foco do mercado são as linhas funcionais, com nutrientes e benefícios para a função renal e outras destinações. Elas contêm produtos como linhaça, açaí, guaraná e chá verde, e menor quantidade de aditivos como conservantes e corantes. Para animais que têm intolerância a proteínas bovina e de frango, há cada vez mais rações à base de proteínas de cordeiro e salmão. Outras são isentas de glúten. Quanto aos petiscos, seguem a mesma tendência, com produtos com baixo índice de gordura e que auxiliam na higienização da boca por meio da ação de enzimas.
Há comedouros em que a ração é colocada em diferentes espaços, para desafiar o cachorro a encontrar o alimento, além de arranhadores com penduricalhos e túneis com várias saídas para os gatos brincarem. O design e as padronagens são um diferencial: brilhos, estampas que imitam peles de animais e cores cítricas estão presentes em camas, cobertas, guias e coleiras cada vez mais confortáveis e com amortecimento de impacto. Entre os produtos para higiene, estética e tratamentos, a veterinária destaca os vermífugos com aplicação no dorso do animal, a exemplo de antipulgas, e as coleiras anticarrapatos, antimoscas e antipulgas com tempo maior de duração do efeito – até oito meses. Entre os perfumes – a maior parte hipoalergênicos – há alguns que imitam fragrâncias humanas famosas. Outra novidade nessa linha é o banho a seco, em que um spray apropriado é borrifado no pelo do animal e depois é passado um pano seco sobre ele. “A solução é ideal nesses tempos de escassez de água”, brinca Keane. Além de atrair donos e beneficiar pets, essas inovações movimentam um importante mercado, contribuindo com a geração de empregos e a manutenção e criação de empresas. Entre indústria (food/pet care/pet vet), rede de comercialização, criatórios e serviços técnicos, o setor emprega mais de 1 milhão de pessoas no Brasi.
Viajar com os cães não é mais problema. Nas grandes cidades há hotéis que recebem animais de estimação para variados períodos de permanência e com oferta de atividades para entretê-los. Também é crescente o conceito de acomodações inovadoras e especiais para os amigos de quatro patas. Exemplo é a Hospedaria Canina do Broa, localizada no Broa Golf Resort, nas proximidades de Itirapina (SP). O resort agrega 75 apartamentos e casas para locação, atividades diversas de entretenimento para crianças e adultos, tudo nas proximidades de uma linda represa. A hospedaria para os cães também não deixa a desejar: eles podem interagir com outros “hóspedes” – a capacidade é para receber até 15 animais –, passear em meio à natureza e até nadar na represa e/ou na piscina.
Uma das proprietárias, Célia Botelho, conta que são recebidos muitos cães de hóspedes do resort, mas também avulsos, já que pode ser solicitado o serviço de transporte de São Paulo. Longas permanências também têm desconto. “É um verdadeiro hotel-fazenda para cães. Aqui eles se exercitam, brincam e ainda voltam para seus donos com banho tomado”, diz Célia.
Assim como as demais categorias de pets, a de peixes ornamentais está em franco crescimento. Mais do que conferir beleza aos ambientes, com colorido e graça, eles transmitem sossego e paz – razão pela qual são ideais em casas com crianças, capazes de passar grande tempo entretidas com o movimento do aquário, além de aprenderem noções de responsabilidade, traduzidas no ato de alimentar os animais e monitorar a temperatura e limpeza da água, por exemplo. Mas esse universo de plantas aquáticas, termômetros, aquecedores, luminárias e outros acessórios encanta especialmente os marmanjos. Na internet há uma série de blogs e sites sobre aquarismo, em que os adeptos do hobby trocam ideias e experiências. Um deles é o www.aquahobby.com, que mantém o que chama de Manifesto do Aquarista Responsável.
Outro site é o www.aqualon.com.br, de Londrina (PR), que reúne informalmente os amantes do hobby para promovê-lo e divulgá-lo. Eles organizam a revista Aqualon – disponível para donwload – e o Concurso Paranaense de Aquapaisagismo, que é um preparatório para o Concurso Brasileiro de Aquapaisagismo. No Facebook também há muitas páginas dedicadas ao tema, como a da Aquabase Aquapaisagismo, que divulga leituras, workshops e outros eventos relacionados.
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